"Queremos Justiça, o que fizeram com ele foi uma covardia". Foi dessa maneira que a família do adolescente Lucas Eduardo Martins dos Santos, de 14 anos, morto após ser levado por policiais militares em Santo André, resumiu a sensação após o enterro dele neste sábado (30), com caixão fechado.
Lucas tinha desaparecido no dia 12 e o corpo foi encontrado em uma represa. No atestado de óbito, a causa da morte foi por afogamento. Policiais militares são investigados. Desde o dia 15 de novembro, foram afastados os PMs de Santo André, Lucas Lima Bispo dos Santos e Rodrigo Matos Viana. As investigações são do Setor de Homicídios de Santo André e também tem um inquérito policial militar.
A família disse que Lucas foi levado por policiais militares naquele dia e não descarta que ele tenha sido confundido com o irmão, que foi preso por PMs, que não conseguiram comprovar na Justiça o envolvimento do rapaz em um roubo.
"Agora as investigações precisam esclarecer quem são os responsáveis pelo desaparecimento e assassinato do jovem. Falta também o resultado do exame de uma mancha de sangue encontrada na viatura da PM no dia do crime. A análise do IML vai poder determinar se era sangue do jovem ou não", disse Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe).
A avó dos dois conta o que um policial disse para ela na porta do Fórum depois da audiência que liberou o garoto.
“Ele falou: ‘Você é o que?’. Eu falei: ‘Sou a avó’. Aí ele disse: ‘Ai, vovozinha, se prepara que você vai chorar no caixão dele.”
A mãe de Lucas chegou ao velório escoltada por policiais militares. Ela foi presa no dia em que foi denunciar os PMs pelo sumiço de Lucas. Tinha um mandado de prisão de 2017 por envolvimento com o tráfico de drogas.
“Ela nunca mudou de endereço, sempre morou no mesmo local e mesmo com mandado de prisão expedido, nunca foi presa”, disse a advogada da família, Maria Francisca Zaidan. “Exatamente agora quando ela foi denunciar o sumiço do filho dela, ela foi presa.”
A mãe ficou apenas alguns minutos no velório. Na saída, quem estava no local gravou um barulho semelhante a um tiro, que assustou todo mundo.
A Secretaria da Administração Penitenciária informou que não houve disparo e que está sendo providenciado o registro de boletim de ocorrência e que as armas dos policiais estão à disposição para perícia, mas que as munições foram verificadas e estão todas intactas.
Em relação à mãe do Lucas, a secretaria disse que os agentes a levaram de volta à penitenciária por questões de segurança.
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