A obra hídrica mais importante de Alagoas e a segundo do País avança pela Caatinga do semiárido. A retomada do Canal do Sertão movimenta o comércio das cidades sertanejas e oferece 800 empregos num momento dramático para a agricultura e a pecuária, que enfrentam seis anos de seca.
A obra foi retomada depois que as empreiteiras Odebrecht e Queiroz Galvão aceitaram a repactuação (redução) de 10% dos preços cobrados para a construção do trecho quatro e cinco, respectivamente, do Canal do Sertão.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União detectou irregularidades e superfaturamento nos cálculos da construção dos trechos e determinou a repactuação - redução de preços que proporciona uma economia de R$ 215 milhões aos cofres federais.
"Mais de 800 operários da construção civil estão chegando, a maioria já está na folha de pagamento da empreiteira Odebrecht e vem dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco e de municípios do Sertão de Alagoas. O pequeno comércio dos municípios vizinhos comemora o movimento dos trabalhadores", disse o comerciante José Alfredo da Silva, que vende queijo em São José da Tapera.
A maior obra federal em andamento no Estado começou a ser elaborada e executada a partir de 1990. O empreendimento prevê a construção do canal de 250 quilômetros, que começa em um dos braços do Rio São Francisco, no Vale do Moxotó, entre os municípios de Delmiro Gouveia (AL) e Paulo Afonso (BA). De acordo com os cálculos técnicos da Secretaria de Infraestrutura, o projeto já consumiu mais de R$ 2,5 bilhões.
Com a adequação de preço, a Secretaria de Infraestrutura conseguiu cumprir as exigências do TCU e fazer com que as empreiteiras - Odebrecht, responsável pela construção do trecho quatro, e a Queiroz Galvão, que vai tocar o trecho cinco - reduzissem em 10% o valor da licitação vencida pelas empresas sem comprometer a qualidade.
A Odebrecht venceu a licitação do contrato de R$ 880 milhões. Na repactuação, reduziu o custo para R$ 800 milhões. Além disso, a Secretaria de Estado da Infraestrutura conseguiu promover nova adequação do projeto, que resultou em outra economia de mais R$ 25 milhões. Quer dizer, o custo do trecho quatro está, agora, em R$ 775 milhões.
A Queiroz Galvão venceu a licitação do trecho cinco, que era de R$ 650 milhões. Com a repactuação, o contrato caiu para R$ 580 milhões, resultando em uma economia de R$ 90 milhões.
"Chamamos as empresas e mostramos que elas precisavam reduzir os custos porque o governo Renan Filho não agirá de forma contrária às determinações do Tribunal de Contas da União. Daí, ocorreu a repactuação com redução no valor da obra", explicou o secretário executivo de Infraestrutura, Humberto Carvalho. Em valores corrigidos, a economia do chamado Custo Brasil dos trechos, quatro e cinco, passa de R$ 215 milhões.
A repactuação dos preços não compromete qualidade, prazo, segurança e a garantia da obra. Quem garante é o gerente de contratos da empreiteira Odebrecht, Pedro Leão, ao acrescentar que os novos cálculos obedecem a critérios exclusivamente comerciais. "O ajuste dos preços não compromete a qualidade, nem a segurança da obra", sustenta Pedro Leão.
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