Daniel Marques (PSD) falou, falou e não convenceu sobre o motivo de ter pedido renúncia do cargo, depois de pouco mais de um ano de mandato. Ele justifica a decisão relatando que o prefeito Padre Eraldo (PSD), mesmo sendo seu aliado, não permitiu que ele honrasse com sua função de vereador, travando seus projetos aprovados na Câmara.
O vereador em processo de renúncia cita um fato que, para ele, foi um dos principais motivos de abdicar da cadeira na Câmara Municipal de Vereadores. Trata-se de um recado que, segundo o edil, o prefeito mandou-lhe por meio de outro vereador: “mande ele ir procurar o lugar dele, quem ele pensa que é?”.
Conforme Daniel, o recado foi remetido por Padre Eraldo depois dele tentar colocar 13 emendas na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), fato que, segundo ele, era inadmissível para o gestor, que ainda teria dito: “ninguém mexe na LDO, fica do jeito que está”.
O vereador também cita outra série de travamentos dentro da gestão e questiona pelo fato de ter ajudado o padre a se eleger. Com isso, ele fantasia que o prefeito tinha que entender que o povo era sua prioridade.
De certa forma, Daniel Marques coloca a culpa de sua renúncia para Eraldo, embora não convença. Ele precisa compreender que, mesmo que seja do mesmo partido do gestor e o tenha apoiado, suas ações eram de vereador de oposição, o que certamente não iria agradar ao prefeito, que um dia também foi de oposição.
Marques também relatou insatisfação por ser tratado pelos colegas como o “patinho feio” na Câmara.
Pelo exposto, fica claro que Daniel podia ter se declarado oficialmente da oposição e permanecer no mandato, em respeito aos 1.007 delmirenses que votaram nele e aos demais que se sentiram representados por ele.
Imagine você se todos os vereadores que passarem pela situação relatada por Daniel decidirem renunciar ao mandato. É por isso que muita gente não compreende os motivos dele e tem até quem acredite que ele tenha sido pressionado por algum motivo esdrúxulo, mesmo que diga que já vinha desde dezembro do ano passado pensando na renúncia.
Daniel tinha mesmo era que fazer o que o prefeito sugeriu que fizesse: procurar o lugar dele, que é na Câmara, e não ficar pedindo permissão ao gestor para fazer seu trabalho. Tinha mesmo era que responder ao prefeito que está vereador eleito pela população para representá-la.
Esse argumento sobre o prefeito, por si só, não justifica a renúncia. Daniel Marques deveria ser franco e confessar que lhe faltou coragem, força e inteligência para seguir adiante com suas cobranças como vereador, e, nesse caso, quando falta tudo isso, é melhor pedir para sair mesmo.
Ele deve saber que, com essa decisão, está sepultando sua credibilidade na política, mesmo que tenha sido um vereador exemplar. Quem iria votar em alguém que a qualquer momento pode renunciar ao cargo alegando que não tem mais forças para seguir adiante?
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