Não se pode deixar a covid-19 avançar no corpo. Lutei 14 dias, antes da internação, e me arrependo por não ter agido antes. A covid é traiçoeira e cheia de más surpresas. Não cheguei a ser intubado, mas hoje enfrento algumas sequelas.
É preciso agir rapidamente, observando os sinais, por parte do médico, do pneumologistas, etc.
Não espere em casa tratando covid como se fosse uma “gripezinha”. Covid provoca infecções graves e diversas. Se você puder ter um oxímetro barato em casa, não deixe de comprá-lo. Nos 15 dias que enfrentei a covid (até ser internado no HE, por 03 dias) este aparelhinho me orientou bem e foi determinante. Claro, eu também tinha em mãos termômetro, medidor digital de pressão arterial, mas eu não sou médico... Somente especialistas podem nos orientar.
Esperar em casa, depois de alguns tratamentos, “ver o que é que vai dar”, comprar listinha de remédios e chás, segundo indicação de conhecidos que sobreviveram tratando em casa? Corra para longe destas atitudes irracionais! Eu fiz tudo isso sem efeito de cura.
Pessoas com covid às vezes não percebem exatamente a gravidade da falta de ar. Não espere a falta de ar! Um Oriximetro pode ajudar.
É preciso ter um oximetro em casa? Importante. Assista, por favor.
O oxímetro é fácil de usar, mas é preciso acompanhamento médico. Por exemplo, na UPA eles fazem sempre a medição com oxímetro. Saturação aceitável é a de 95 para cima. Menor do que isso, procure o médico. Assista aqui
Desde o início da pandemia (2020) busquei orientação com nutricionista e médico de como aumentar minha imunidade. Comecei a ingerir vitamina D3, Zinco, Vitamina D, C, E, comprimidos de Levedura de cerveja, Própolis negra. Todavia eu pecava na alimentação, como sempre.
Início da tempestade
No dia 28 de Março, data do meu aniversário, tive o primeiro quadro febril leve, gripal. Todo mundo dizendo, “37º não é gripe, relaxe. Uma febre com suores noturno, sonhos estranhos e alucinações.
No terceiro dia o quadro típico da covid se apresentava mais definidamente, porém sem aqueles casos de ausência de olfato e paladar. No meu caso eram nariz entupido, coriza, dor na face e dor de cabeça.
Primeira coisa mais importante que me veio à mente: “Pedir o oxímetro emprestado a minha filha!”. Assim o fiz. Este aparelhinho demonstrou a evolução da minha falta de ar e baixa oxigenação, de modo que quando chegou-se a 93 eu já estava me preparando para internação no HE (Hospital público de referência contra a covid).
Quadro febril de até 37,4º pelo menos uma vez ao dia. A noite seguia-se alucinações e suores. Na minha experiência (não sou médico), independente dos 36,5º até os 37,4º de todos os dias, meu oxímetro indicava batimentos cardíacos entre 103 e 112, ou seja febre interna, arritmia. Nas raras vezes em que eu estive relaxado, minha oxigenação estava entre 98-97, quando eu deitado. Ou seja, eu estava ficando preocupado. Clique aqui para saber os níveis corretos
Por aconselhamento de pessoa da minha confiança, no terceiro dia eu iniciei a ingestão de dois comprimidos de Ivermectina, sem orientação médica. Tomei por 05 dias a Azitromicina, sem orientação médica. Não se mediquem por conta própria! Sempre há um preço, e este eu pago até hoje.
No sexto dia eu estava certo de que iniciava-se em mim aquela fase ofegante e de cansaço, a fase grave da covid. Aparentemente os dois remédios (Ivermectina e Azitromicina), os fortificantes de todos aqueles meses, o descanso (minha respiração melhorava quando deitado de bruços) não apresentavam sinais de cura.
No sexto dia, eu acho, fui ao setor de testes de covid da UPA (50 metros da minha casa). Na verdade tentei ir três vezes ao setor de testes de covid, mas não consegui fazer o teste porque não conseguia respirar bem com a máscara e ficar de pé, ou sentado, ali. Desisti. No dia seguinte, muito cansado, recebi uma enfermeira em casa para o teste sorológico a domicílio por uma clínica particular. O resultado saiu em dois dias como negativo.
No dia 04 de abril fui à UPA, por causa das dificuldades respiratórias. Não me lembro o nome do médico que me atendeu. Prontamente me fizeram um Raio-X, um Eletrocardiograma e uma coleta de sangue. Me aplicaram duas ou três injeções, e, por causa disso, serei sempre muito grato por esses benefícios da parte dos digníssimos profissionais da saúde da UPA.
Em seguida, o médico observou minha prova de Raio-X e disse que meus pulmões estavam razoáveis, e que deveríamos acompanhar com atenção. Não se sabia ainda se eu estava com covid, mas fiz o teste do nariz naquela noite com mais duas pessoas — uma delas um jovem com covid e falando muito, mesmo com a máscara no rosto, o que não serve de nada, pois a máscara não é hermética.
No dia seguinte, como nos anteriores, eu acordava relativamente bem pela manhã, mas, até a noite eu sentia a evolução de um cansaço e de falta de ar, com alguns sintomas pulmonares, além da febre leve que me causava mais cansaço imediato e arritmia (batimentos cardíacos acima de 100, quando deitado). Minha situação estava ficando crítica, precária. Eu estava ofegante, meu pulmão esquerdo estava mal. Ao deitar-se de lado me faltava ar, parecia haver algo solto dentro do pulmão esquerdo. Eu tinha crise de respiração acelerada (não sou médico, não sei o termo) que passavam demoradamente, quando eu deitava e conseguia relaxar. Às vezes tossia bastante, mas sem secreção, e o cansaço e o medo me apavoravam.
Nesse meio tempo, me lembrei de um amigo que poderia me ajudar porque eu sei das pessoas que ele ajudou na área da saúde, inclusive com casos gravíssimos resolvidos. Como pude, mandei um áudio a Tony Clóvis, amigo da família há décadas, pedindo sua ajuda. Imediatamente ele buscou informações com minha família e não largou mais de mim. Inclusive, sempre que necessário, esteve acompanhando meu quadro junto a minha família na UPA.
Segundo o site Saudedebate, “A ‘virada’ de fase da doença pode ser acompanhada de cansaço extremo, muitas dores nas pernas, dor de cabeça que parece não passar com qualquer remédio e até mesmo o retorno da febre. Esse é o momento importante de observação e de intervenção, com a realização de exames.” É hora de agir!
No dia seguinte, fizemos uma consulta online com um médico amigo das minhas irmãs. Eu estava tão nervoso que esqueci o nome dele. Compramos todos os remédios pela manhã. Não senti nenhuma melhora nos quatro dias seguintes.
Infelizmente no 9º dia de covid, à noite, eu tomei um expectorante que me causou crise de tosse. Meu oxímetro marcava 92, 93 de oxigenação.
A vida em risco
Depois de uma crise de tosse, após ingerir o expectorante e tomar um banho, tive uma crise respiratória, deitei-me na cama pensando que ia morrer. Em meia hora, me recuperei um pouco, de modo que fui “me arrastando” a pé até a UPA a 50 metros da minha casa. Eu estava tão ofegante e desesperado que furei a fila, invadi a UPA, me deitei num sofá, lá dentro, e tive um desmaio.
Quando acordei, precisei respirar oxigênio aplicado em meu nariz durante uma hora. Neste dia, saiu meu resultado positivo para covid. Fui para a ala da covid. Estavam lá duas pessoas, inclusive um conhecidíssimo e muito amado cidadão delmirense, que vi partir na Samu para algum hospital em outra cidade. Até o dia seguinte estive internado na ala de covid, sendo atendido de quando em quando com toda a atenção necessária por parte do médico e das enfermeiras; melhorei um tanto e pude ir para casa em relativa paz. Antes, conversei com o médico sobre a possibilidade de internamento em hospital especializado em covid para tratamento, como o HE e o Chama. No dia seguinte nós decidiríamos. O médico me receitou remédio para o tratamento específico do covid, em casa. Pela manhã, saí da UPA em cadeira de rodas e tive que pegar um táxi para me levar para casa a 50 metros de distância.
Pela manhã, minha irmã Wilma Amâncio me liga me perguntando seriamente se realmente eu estou decidido a ficar em casa me tratando com os remédios de tratamento específico da covid. Ela diz: “A decisão é sua!”. E assim me cai a ficha definitiva. Realmente cabia a mim decidir por minha vida, eu ainda estava lúcido e racionalmente habilitado a pensar sobre os riscos. Outras pessoas, com covid mais avançada, não teria a sorte de pensar (covid causa confusão mental em casos graves). Assim, se você está com covid haja rápido aos primeiros sinais críticos. Não deixe evoluir. A família tem de agir rapidamente aos primeiros sinais de cansaço, falta de ar, etc. Clique aqui para saber quais os sintomas graves
Pela manhã, eu teria que tomar uma segunda injeção na UPA. Chamei um taxista para me levar a UPA e me trazer para casa (eu usava duas máscaras e álcool a toda hora, mantive-me em silêncio absoluto). Tomei as medidas necessárias e o taxista não se contaminou.
Após isso, graças a ajuda da família, eu tinha consulta marcada com cardiologista particular. Precisei que a atendente me ligasse para que eu saísse de casa ao consultório na exata hora marcada. Foi o momento mais difícil da minha vida: sair de moto, ofegante, cansadíssimo.
Imediatamente fui atendido. Com dificuldade, eu disse ao doutor que estava com covid. Ele aferiu meus pulsões e tomou um susto, falou muita coisa! de modo que eu pedi autorização para gravar tudo o que ele disse, no intuito de mostrar ao médico da UPA. O cardiologista me advertiu que ao concluir minha consulta eu fosse direto e imediatamente a UPA com aqueles papéis. O cardiologista disse que meus pulmões estavam péssimos.
A sorte e última chance de agir
Após o difícil almoço eu compreendi que estava me aproximando do “ponto de não retorno” da covid, que é para mim aquele ponto em que se pode fazer necessário uma intubação. Eu li! O Jornal G1 afirmou que 80% dos intubados morreram em 2020. É matemática, é estatística. A matemática nunca mente. Claro que há pessoas sobrevivendo a intubação, mas não se deixe levar ao ponto de precisar ser intubado, visto que se torna mais difícil a recuperação, pelo dados que li (não sou médico, estou dizendo o que entendi como leigo).
Cerca de duas da tarde eu estava deitado, recebendo mensagens pelo Whatsapp por parte da família. Eu estava ainda mais ofegante e preocupado com os níveis de oxigenação apresentados pelo cardiologista em seu oxímetro. Naquela tarde Tony Clóvis me liga me exortando fortemente. Me apresentou uma lista de pessoas queridas que decidiram ficar em casa esperando melhoras. Algumas vieram a óbito e outras com sequelas definitivas. Eu quase desmaiei ao saber de tanta gente conhecida e querida. Em seguida, tentei recuperar o fôlego e mais uma vez me preparei para retornar à UPA.
Muito ofegante e muito cansado fui levado à UPA. Chamei o táxi novamente, visto minha incapacidade de caminhar. Entrei de cadeira de rodas, novamente. Adentrei à ala de covid e fui prontamente tratado e bem cuidado. O ótimo Dr. Aristóteles era uma figura sempre presente e engajada a minha situação. Minha família estava presente, Tony Clóvis estava presente. Minha irmã Wilma sempre na linha de frente. Decidimos pela internação em algum hospital especializado e público em tratamento de covid. Foi a melhor decisão da minha vida. Eu já havia esperado demais! Na verdade, eu queria ir para o Chama, de preferência ao setor particular, já pesou? Ainda sonhando com os Precatórios que me dariam a possibilidade de realizar o sonho da casa própria, ali eu não tinha dinheiro nem para a Dipirona (acho que estava delirando...). Minha família me ajudou com todas as despesas.
Enfim, imediatamente arranjaram uma vaga no HE. Eu tive muita sorte, com todo aquele pessoal do meu lado. Vi pessoas que tenho muito apreço. Vi Letícia Moreira, no passado minha aluna, hoje enfermeira competente, e cuja família inteira me considera e que gosto muito. Ali, na UPA, Letícia cuidou de mim da melhor forma possível, juntamente com outra enfermeira, que infelizmente não lembro o nome para agradecer. Zê, outro amigo, acertava uma transferência a um hospital. Instalou-se toda uma sorte de equipamentos de monitoramento e puseram uma mangueirinha de oxigênio em meu nariz, que me fez muito bem de imediato. A Samu chegou rapidamente. Um dos bombeiros, outro que fora meu aluno, um dos que mais gostavam de mim, e eu o vi menino de 5ª série, Lourenço Neto ali, me recebeu sorrindo, dois metros de altura, parecia um guerreiro espartano numa farda azul escuro do Samu. Para mim essas pessoas ao meu redor era um sinal de boa sorte.
Com oxigênio no nariz e deitado na maca azul do Samu fui levado ao HE, mas está seria a segunda parte de uma história de muita sorte e encontro com pessoas que agiam com anjos aconselhadores e cuidadores.
Enfim, estou vivo até aqui e me recuperando das sequelas, sobretudo psicológicas. Sou grato ao Pai Eterno criador da Vida e que fez da Vida a medida de todas as coisas entre nós, por isso sou grato às Ciências que trabalham pela Vida.
Sou grato sobretudo a minha mãe Luiza. Sou grato as minhas irmãs, Wilma Amancio & Manuela Amancio.
Sou grato ao grande Tony Clóvis em especial, homem “zuadento” porque ama demais as pessoas deste município e estado.
Sou grato aos amigos que constantemente me contatavam, preocupados ou esperançosos (Betinho, Londe, Mayk, Leo, prof. Albanilson, Prof. José Uédson, Djalma Wagner).
Sou grato ao Dr. Aristóteles (UPA). Um grande homem.
Sou Grato a enfermeira Letícia Moreira, que era só sorriso e palavras de esperanças.
Sou Grato ao bombeiro preparadíssimo, Lourenço Neto e aos demais colegas da Samu que infelizmente não me lembro dos nomes.
Sou grato a Zê, da parte do recursos humanos da UPA, outro amigo. Ele se engajou com sucesso em arranjar uma vaga urgente no HE.
Sou grato a todo o pessoal da UPA.
Sou grato a Secretaria da Saúde de Delmiro Gouveia e ao amigo Paulinho, por prontamente disponibilizar uma ambulância de retorno, três dias depois, com minha alta hospitalar.
Sou grato a todas as pessoas que oraram e rezaram por mim. São valiosíssimas as intercessões!
Sou grato ao Padre Mário César Souza de, Neópolis, amigo e conselheiro de longa data.
Impossível para mim “fazer por merecer” por ter sobrevivido.
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