Houve um tempo em que não existiam tantas variedades de brinquedos ou acesso à internet, com isso, sobravam tempo e criatividade para fabricar os próprios brinquedos. No processo de fabricação, nada se desperdiçava e tudo era reaproveitado, como um toco de madeira, pedrinhas, palitos, papel, tecido, etc.
A criatividade e a imaginação das crianças fizeram perpetuar famosas brincadeiras, como: amarelinha, bolinha de gude, cantigas de roda, passa-anel, roda-pião, empinar pipa, entre outras. Era uma época em que havia diversão e menos preocupação dos pais, pois sabiam que seus filhos estavam bem e seguros, apesar das muitas quedas, arranhões, machucados e sujeira. Você deve ter marcas na pele desse tempo, não?
As preocupações se resumiam a detalhes que se cicatrizavam com o tempo, porém, com o avanço da modernidade e os perigos que chegaram as grandes e pequenas cidades, hoje é raro encontramos uma criança brincando na calçada ou interagindo com outras crianças na rua. Por isso, muitos pais acreditam que em casa elas estarão seguras, será mesmo?
Com os avanços tecnológicos ficou mais fácil nos comunicarmos com o mundo, ao mesmo tempo facilitou que o perigo adentrasse em nossas casas, basta ter acesso à internet e um aparelho celular. O mundo virtual proporciona um leque de possibilidades, como: redes sociais, sites de jogos, pornografia, violência e vídeos com os mais diversos conteúdos que não conhecemos e poucos sabemos.
Daí, nos enganamos em crer que nossos filhos estão em segurança dentro de casa. Assim acreditavam os pais de uma menina de apenas 7 anos de idade de São Bernardo do Campo, São Paulo. Com um aparelho celular nas mãos e acesso à internet, a criança buscou por vídeos e encontrou o “desafio do desodorante”.
Após ver o “desafio”, ela borrifou desodorante aerossol na boca e inalou as substâncias químicas do produto, o que acarretou em sua morte. O “desafio do desodorante” consiste basicamente em inalar o produto durante o máximo de tempo que conseguir suportar, porém, ao inalar os compostos químicos, o organismo deflagra reações, levando a quadro grave como parada cardíaca e até mesmo a óbito.
Segundo especialistas, ao ser inalada, a substância é enviada ao pulmão (órgão vascularizado) e, assim, rapidamente cai na corrente sanguínea, chegando ao coração e provocando uma arritmia cardíaca, além disso, pode haver reação alérgica exacerbada, com edema de glote – popularmente conhecido como ‘garganta fechada’, quando a traqueia é totalmente comprometida e há impedimento da entrada do ar no organismo, causando, assim, asfixia.
Na internet há uma infinidade de vídeos explicando o ‘desafio’ de como inalar a substância, geralmente, as orientações partem de jovens youtubers que adotam e incentivam as "brincadeiras da moda". Trata-se de um amplo universo de vídeos, imagens, textos e áudios, compartilhados no Instragram, no Facebook, no Snapchat e no Whatsapp.
Foi por meio de incentivo como este que muitos jovens cometeram suicídio no ano passado, no chamado “jogo da Baleia Azul”. Um jogo viral que chamou atenção do mundo todo por seus desafios macabros, como: automutilação do corpo – cortes, queimaduras e, na etapa final, o suicídio.
Criminosos escondem-se nas redes e utilizam-se da falta de experiência dos jovens e da ausência dos pais para induzir as “brincadeiras da moda”. Com isso, vemos tragédias fatais acometerem lares e destruir famílias. Vemos jovens tirar a própria vida, porque foi desafiado a fazê-lo.
Por fim, vemos que é cada vez mais comum os pais oferecerem aos filhos um celular com internet, sem o mínimo de orientação e acompanhamento. É preciso monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais das crianças e dos adolescentes, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar a respeito dos jogos online que nada têm de brincadeira.
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