Sabe as campanhas que fazem para o Dia das Mães, que têm mulheres lindas, serenas, calmas, arrumadas e felizes? Sabe aquela imagem perfeita da mulher maravilha, que tem nos desenhos? Elas se encaixam perfeitamente no mundo imaginário e romantizado da maternidade, onde não há problemas, não há preocupações e tampouco expectativas.
Por isso, neste Dia das Mães, não vamos julgar a maternidade alheia. Pois, como dizia o escritor Coelho Neto, “Ser mãe é padecer no paraíso”, ou seja, nem tudo são flores e a maternidade não é a propaganda da margarina com abraços, sorrisos e brincadeiras. Vende-se uma imagem de que a maternidade é um amor instantâneo, que ser mãe é a melhor coisa que uma mulher pode alcançar. Não tenho dúvida de que esse sentimento realmente acontece, porém, ser mãe não é “apenas” isso.
Ninguém fala sobre as dificuldades, as dúvidas que acompanham essa nova fase na vida da mulher. Tudo gera insegurança, sofrimento e culpa. Afinal, como pode se sentir triste, incapaz, cansada e desanimada quando deveria estar feliz pela chegada do filho? Sem querer julgar o que é certo ou errado, essa realidade exposta chama atenção para certas “propagandas enganosas”, que vinculam somente o lado maravilhoso de ser mãe.
Para quem já vivenciou ou ainda vivencia esse momento da chegada do filho, sabe que o início da maternidade não é um romance diário. É preciso dizer que há cansaço, há estresse, há responsabilidade, há dor, há depressão, há rejeição e há inúmeras coisas que devem ser ditas, pois elas existem e têm uma raiz histórica e psicossocial.
Desde muito cedo, as mulheres sofrem com as cobranças da sociedade, não é mesmo? A sociedade cobra namoro, casamento, primeiro filho, segundo filho e por aí vai. Se suas escolhas são diferentes das escolhas ou circunstâncias das pessoas que estão lhe cobrando, você é logo considerada um ser estranho ou em desacordo com a ordem divina de concepção familiar.
Para algumas pessoas, o mundo funciona assim: a mulher só é completa se for mãe e, para isso, há uma demanda de como ela deve ser para se tornar uma boa mãe. Mas, o que exatamente é ser uma boa mãe? Quais são as qualidades que definem uma mãe perfeita? Seguindo alguns critérios e dicas, a mãe ideal perante a sociedade é aquela que: renuncia a tudo para que o filho esteja bem, a que espera com paciência, a que sempre tem uma palavra de apoio, a que sente dor em silêncio, a que aceita as críticas, a que abre mão dos sonhos, desejos e trabalho para cuidar dos filhos.
No geral, se você não se encaixa nestes requisitos, é duramente criticada. Em alguns momentos, tais cobranças chegam a ser cruéis. As mães já vivem em constante atenção esperando qual vai ser a próxima travessura/escândalo dos filhos. Quando a birra acontece, são facilmente apontadas como péssimas mães. Geralmente, ouvem que não são firmes o suficiente e não sabem educar a prole.
Assim, é preciso repensar os velhos discursos da “mãe perfeita”, valorizar e mostrar o lado mais real e humano da maternidade, pois, no fundo, elas querem mostrar à sociedade que existe um lado duro da maternidade e que não há vergonha em desvelá-lo. A mãe “completa e perfeita” tem momentos de estresse, desgaste físico e emocional e, mesmo assim, mantém a doçura de ser mãe e a força para carregar seu filho, proteger e educá-lo para um mundo cada vez mais cruel e exigente.
Neste Dia das Mães, vamos valorizar, cuidar e amar as mães “reais”, sem a perfeição e romantização das novelas, dos comerciais de televisão e revistas. Feliz Dia das Mães para você que já é mãe, para quem pretende ser e para quem cuida de alguém como se fosse seu filho ou filha.
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