A Justiça mandou soltar o médico equatoriano Bolívar Guerrero, acusado por homicídio tentado qualificado e por motivo torpe contra a dona de casa Daiana Chaves, de 37 anos, após uma cirurgia plástica malsucedida.
A juíza Anna Christina da Silveira Fernandes atendeu a um pedido da defesa de Bolívar feito na primeira audiência de instrução e julgamento do caso, no último dia 3.
"É a efetivação da justiça e a comprovação de que o que o deixava preso era fruto muito mais de uma irresponsabilidade de um paciente do que de qualquer erro médico. Muito menos tentativa de homicídio", disse o advogado Renato Darlan Junior, que informou que seu cliente deixará o sistema prisional nesta quarta-feira (15).
A técnica de enfermagem Kellen Cristina de Queiroz dos Santos também responde pelo crime no processo.
De acordo com o Ministério Público, eles foram os responsáveis pelas cirurgias plásticas malsucedidas [uma abdominoplastia e uma mamoplastia] em Daiana, e que a levaram ser internada por quase quatro meses, com passagens pelo CTI. Daiana também ficou com o corpo marcado com cicatrizes das operações.
Na audiência, Daiana foi uma das testemunhas ouvidas, assim como membros de sua família.
"Fiquei bem nervosa durante o depoimento, e não quis assistir ao restante da audiência porque fiquei com medo. Lembrar aquilo tudo me fez mal também, mas acredito que a justiça vai ser feita", disse Daiana ao g1, que depôs sem a presença dos réus.
Pedidos de liberdade e para voltar a profissão
Ao final da audiência, dois pedidos das defesas de Bolívar e de Kellen Queiroz chamaram atenção. No caso do médico equatoriano, que está preso desde o dia 18 de julho de 2022, foi solicitada a revogação da prisão dele, ou substituição por outras cautelares, uma vez que a instrução criminal já acabou.
Já a defesa de Kellen pediu para que ela voltasse a exercer sua profissão, já que a Justiça impôs o afastamento dela de qualquer unidade hospitalar na época da investigação do caso. Kellen fez o pedido alegando que já havia regularizado sua situação profissional. Kellen foi apontada por pacientes da Clínica Santa Branca, de propriedade de Bolívar, como falsa médica.
Kellen Queiroz, na verdade, é técnica de enfermagem, mas, de acordo com o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) na época das investigações, não podia exercer essa atividade, pois estava com o registro vencido na instituição.
O caso
O caso de Daiana Chaves Cavalcanti veio à tona depois dela começar a denunciar publicamente que era mantida em cárcere privado na Clínica Santa Branca, de propriedade do médico equatoriano Bolívar Guerrero Silva.
No dia 3 de maio, ela realizou intervenção cirúrgica para fins estéticos nas nádegas, costas e abdômen. Teve complicações, voltou à Santa Branca e foi convencida a fazer uma abdominoplastia para corrigir os problemas da primeira cirurgia e também realizar uma mamoplastia, cirurgia que reduz as mamas e as reposiciona.
O quadro de saúde de Daiana só piorou, e ela passou a pedir transferência, inclusive na Justiça, o que não foi atendido pela clínica, nem por Bolívar.
Bolívar Guerrero Silva foi preso no dia 18 de julho, quando estava dentro do centro cirúrgico da Clínica Santa Branca, por não cumprir a ordem judicial de transferir Daiana. Ele tentou alguns relaxamentos de prisão, mas a Justiça não concedeu. Os bens da clínica também foram bloqueados pela Justiça na época.
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