Em seis meses, o Brasil registrou um aumento de 50% em internações de crianças menores de 9 anos com quadro de Covid-19.
Os dados do Ministério da Saúde mostram o total de 15.483 casos de janeiro a julho de 2021. De abril a dezembro de 2020, foram registrados 10.352 atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para especialistas, crianças continuam sendo menos afetadas com a doença, mas a situação acende um alerta para o reforço dos cuidados nessa faixa etária, diante das flexibilizações, cada vez mais aceleradas.
O pediatra infectologista Márcio Nehab, médico do Instituto Fernandes de Figueira (IFF), da Fiocruz, explica que um dos principais fatores, provavelmente, é que as crianças voltaram às atividades normais.
“As crianças voltaram a ir para as escolas. E aí, obviamente, com maior quantidade de crianças circulando, frequentando clubes, parques praças, jardins, a infecção viral, que sempre ocorreu entre eles, voltou a acontecer. Então essa é uma possibilidade.”, conta Nehab.
Controle da transmissibilidade
Já para o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, o calendário da vacinação adulta é extremamente importante para o controle dessa transmissibilidade.
“As crianças e os adolescentes representam menos de 1,5% do total de internações e 0,34% do total de óbitos. Continuam sendo afetadas desproporcionalmente em relação aos adultos. Daí a importância de primeiro vacinarmos os adultos para iniciarmos depois a vacinação dos adolescentes, onde a doença também não é negligenciável. Apesar de proporcionalmente o número ser menor, o número de casos justifica a vacinação com imunizantes seguros e aprovados.”
Kfouri completou que o comportamento da Covid-19 continua o mesmo nas crianças e adolescentes. Segundo o médico, este ano, registramos muito mais casos, hospitalizações e óbitos do que em 2020, em todas as faixas etárias.
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