O Facebook e o Instagram são as duas redes sociais mais informadas pelos candidatos na eleição deste ano ao fazer o registro da candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dos mais de 38 mil links enviados à Justiça Eleitoral, 13,3 mil são do Facebook, enquanto o Instagram aparece em seguida, com 12, 8 mil perfis. Juntas, as duas plataformas somam 77% dos dados informados.
A lista inclui também redes sociais menos populares nas campanhas eleitorais, como Spotify (16), o Pinterest (10) e a Twitch (4), muito usada por gamers em transmissões online.
As informações enviadas ao TSE são autodeclaratórias e podem incluir os links dos sites dos candidatos e de seus respectivos partidos. Esta é a primeira eleição geral em que a Justiça Eleitoral divulga esses dados.
Segundo pelotão tem Twitter, Youtube e TikTok
O Twitter aparece distante dos dois primeiros colocados, com 3,1 mil links informados. Youtube (2.122) surge depois, seguido de perto pelo TikTok (2.021), rede social de vídeos curtos. Kwai, que tem uma lógica parecida com a do TikTok, apareceu em 148 links.
Os aplicativos de mensagens WhatsApp e Telegram têm poucos links na base: 113 e 172, respectivamente. Também aparecem registros no Flickr (56), no Pinterest (10) no Spotify (16).
Já a rede social corporativa Linkedin, muito usada no mundo do trabalho, é citada em 526 links. A maioria deles (266) é de candidatos do partido Novo.
O Novo, inclusive, é uma das siglas com maior quantidade de links enviados ao TSE. Apesar de ter lançado somente 477 candidatos, o partido registrou 2.206 links de redes sociais e sites, uma média de 4,7 redes por candidato — a maior entre as legendas.
Usada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), as redes sociais Gettr (46) e Parler (7) não são populares entre os candidatos na disputa deste ano.
Presidenciáveis têm Kwai e TikTok
Os 12 presidenciáveis informaram 109 links de redes sociais e sites à Justiça Eleitoral neste ano. Entre as plataformas usadas pelos que buscam chegar ao Palácio do Planalto estão TikTok e Kwai. Possuem conta em uma dessas redes: Lula (PT), Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT), Pablo Marçal (Pros), Vera Lúcia (PSTU), Roberto Jefferson (PTB) e Luiz Felipe D'Ávila (Novo).
Lula, Bolsonaro, Ciro, que lideram as pesquisas eleitorais, também indicam ter contas no LinkedIn. Eles se descrevem assim na rede social:
Bolsonaro: "Capitão do Exército Brasileiro, eleito 38° Presidente da República Federativa do Brasil. ????????"
Lula: "Filho de dona Lindu. Nascido em Pernambuco, criado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Eleito presidente da República do Brasil por dois mandatos. Deixei a Presidência com 87% de aprovação."
Ciro: "Foi deputado, prefeito, governador e ministro. Viabilizou grandes obras, ajudou a consolidar o Plano Real e nunca foi processado por roubalheira."
Marçal: 10 milhões de contas alcançadas todos os meses.
No Linkedin, Lula ressalta como competências dele "liderança, criação de relacionamentos, justiça social e oratória".
Bolsonaro cita "estratégia, resolução de problemas e governo".
Já Ciro menciona "honestidade, persuasão, macroeconomia e compliance".
Influencers e artistas
O professor de políticas públicas da USP Pablo Ortellado classifica como "normal" um maior interesse dos candidatos por redes sociais após 2018, quando Bolsonaro ganhou a disputa com uma campanha forte no ambiente digital.
"Depois da eleição de 2018 é meio natural que a atenção para as mídias sociais fique maior, porque é unanime o entendimento que o Bolsonaro conseguiu vencer, com aquele pouco tempo de TV e palanque pequeno, com uma campanha de redes muito forte", diz.
Segundo o pesquisador, outro fator que ajuda explicar é o surgimento e crescimento de outras redes sociais, como Kwai e TikTok, que são mais massificadas, e Parler e Gettr, que são mais de nicho.
Ortellado, no entanto, acredita que a grande disputa de narrativas ocorrerá não pelos perfis oficiais, mas por contas de apoiadores, como influencers e artistas.
"Acho que a campanha principal é [feita] pelos outros. O jogo de verdade é dado nos sites de notícias hiperpartidários, nos influenciadores, nas campanhas de WhatsApp. É lá que a maior parte do jogo vai ser jogada”, afirma
Metodologia
O TSE não disponibiliza os dados categorizados por rede social. Por isso, foi necessário fazer uma busca textual nos links informados pelos candidatos.
Se um link possuía o termo "instagram", por exemplo, a rede social de imagens ganhava um ponto. No final, os pontos foram somados para chegar ao resultado final.
Erros de digitação, como "facebok.com", não foram considerados na contagem.
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