O Ministério da Saúde divulgou na noite desse domingo dados divergentes sobre o número de novos casos e óbitos registrados nas últimas 24 horas. Em um primeiro momento, a pasta anunciou 1.382 mortes por covid-19 no país, mas mais tarde alterou o número para 525, uma diferença de 857.
Houve ainda uma mudança no número de infectados. O primeiro balanço divulgado pelo ministério informava um total de 12.581 novos casos, contra 18.912 casos atuais.
A mudança ocorreu entre as 20h37, quando o balanço diário foi enviado à imprensa, e as 21h50, quando o site oficial foi atualizado. Procurado pelo UOL, a pasta confirmou os dados enviados no início da noite, mas não retornou os pedidos para explicação do ocorrido ou confirmou qual dos índices deve ser considerado como o oficial para o dia de hoje.
Inconsistências na comunicação da evolução da pandemia no país marcaram a semana, que começou com atrasos de três horas na divulgação de balanço diário e culminou com a exclusão de dados históricos, consolidados e detalhamentos importantes para o entendimento de como a doença se comporta e para a análise da resposta do governo.
Após diversas críticas de especialistas, pesquisadores e autoridades, a pasta voltou a divulgar hoje o número consolidado das estatísticas, e anunciou que trará uma nova plataforma, ainda em desenvolvimento, com informações referentes ao Brasil, aos estados, às capitais e às regiões metropolitanas — com os respectivos gráficos de evolução diária dos novos registros. Mais mudanças foram anunciadas a fim de apresentar o balanço de forma mais clara à população.
Hoje, a pasta também afirmou que o motivo para a retirada do ar do site oficial dos balanços na sexta-feira foram ataques por grupos de hackers. A confirmação foi feita pela assessoria de imprensa que acrescentou ter ocorrido um aumento nos padrões de segurança que causou problemas no fluxo de informações no sábado.
Quando o site voltou ao ar, depois de mais de 19 horas, passou a apresentar apenas informações sobre os casos registrados no próprio dia, sem números consolidados, detalhamentos e históricos das curvas. Por conta dessa alteração, o balanço referente ao cenário brasileiro deixou de constar no painel da Universidade Johns Hopkins, referência no monitoramento global da pandemia.
Ao longo da pandemia, a divulgação das estatísticas também passou a ser feita cada vez mais tarde, mudando das 15h para as 19h. Na quarta-feira (3), um atraso de 3 horas foi anunciado como resultante de "problemas técnicos". No dia seguinte, em uma entrevista coletiva sem a presença do ministro interino, Eduardo Pazuello, ninguém do Ministério soube explicar a situação.
Na sexta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), defendeu a divulgação mais tardia dizendo: "Acabou matéria no Jornal Nacional".
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