A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a Operação Anjos da Guarda contra um grupo de integrantes da maior facção criminosa do país que planejavam resgatar lideranças presas em penitenciárias federais de Brasília e Porto Velho. A ação conta com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Ao todo, são cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão no Distrito Federal (Brasília), Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Três Lagoas) e São Paulo (São Paulo, Santos e Presidente Prudente). Um efetivo de 80 policiais federais foram mobilizados.
Entre os chefes que poderiam ser resgatados está Marcos Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder da facção. Ele havia sido transferido neste ano da unidade prisional de Brasília para a de Porto Velho.
Apesar de já estar preso, Marcola foi alvo de um dos mandados de prisão preventiva expedidos hoje junto com outros líderes da organização criminosa, entre eles os presos conhecidos como Barbará, Quirino e o Colorido. A PF também cumpriu ações de busca e apreensão na residência da esposa de Marcola, em São Paulo.
Também foram presos quatro advogados que trabalhavam para os membros da facção criminosa - três em Brasília e um em São Paulo. Segundo as investigações, eles transmitiam mensagens dos presos aos envolvidos no plano de resgate por meio de visitas no parlatório.
A PF informou, em nota, que existia "uma rede de comunicação estabelecida entre advogados, que extrapolavam as suas atividades legais" e utilizavam "como códigos para a comunicação situações jurídicas que, comprovadamente, não existiam de fato".
Os investigadores também identificaram que a organização criminosa tramava sequestrar autoridades para conseguir negociar a soltura dos criminosos.
Mantidos pelo Ministério da Justiça, os presídios federais têm um esquema de segurança e vigilância mais rigoroso do que os estaduais. É vedada a realização de visitas íntimas e os encontros só podem ocorrer no parlatório, onde o preso fica numa sala de vidro e se comunica através de um interfone.
Os presos são mantidos em celas individuais equipadas com câmeras que os monitoram 24 horas por dia. Criado em 2006, o sistema federal se destina a criminosos de alta periculosidade. Até agora, não houve nenhum registro de episódio de fuga ou rebelião nas cinco unidades prisionais que estão em operação.
Condenado a mais de 330 anos de prisão por formação de quadrilha, homicídio e tráfico de drogas, Marcola já está há 23 anos atrás das grades. Em fevereiro de 2019, ele foi removido do presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, para a penitenciária federal de Brasília. A transferência ocorreu em meio a uma outra investigação do Ministério Público estadual que apurava a existência de um plano ousado para resgatá-lo, que envolvia o uso de helicópteros, armamento pesado e contratação de mercenários estrangeiros.
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