Estudos realizados por especialistas na área de saúde mental apontam que, no Brasil, após a pandemia da Covid-19, intensificaram-se os atendimentos às pessoas com crises de ansiedade, depressão e que são dependentes de álcool, drogas ilícitas ou que atentaram contra a própria vida. Situação que pode ser comprovada com base nos dados estatísticos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas, onde os atendimentos psiquiátricos representaram, nos primeiros seis meses deste ano, 11,2% das ocorrências atendidas.
Felizmente, o Samu conta com equipes extremamente preparadas para atender as pessoas em sofrimento mental, estejam elas em suas residências ou mesmo perambulando pelas ruas. Para isso, a pessoa que passar as informações deve ter paciência, porque a equipe do Samu pede apoio de operações especiais, que podem ser da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros, caso a pessoa esteja na iminência de tentar o suicídio.
Os atendimentos relacionados à saúde mental são um problema de saúde pública que precisa de mais atenção das autoridades, segundo destaca o coordenador do Núcleo de Educação Permanente (NEP) do Samu Maceió, médico Jordiran Soares. Ele destaca que a primeira medida a fazer quando um familiar apresenta um surto psíquico é ter calma e ligar para o Samu, por meio do número 192.
"Ao entrar em contato com o Samu serão repassadas todas as orientações para que a família tenha o apoio necessário visando preservar a integridade física do próprio paciente, dos familiares, como também das equipes de profissionais que chegarem para atender a ocorrência", salienta Jordiran Soares.
O médico ressalta que o familiar que fizer o contato telefônico com o Samu deve passar todas as informações sobre a pessoa que se encontra em surto psiquiátrico, detalhando a situação. "Isso porque, dependendo da situação, iremos encaminhar uma equipe mais adequada para o caso, que pode ser uma USB [Unidade de Suporte Básico] ou uma USA [Unidade de Suporte Avançado], caso a situação seja mais complexa, uma vez que nessa viatura existe a presença de um médico e enfermeiro", esclarece Jordiran Soares.
Ele destaca, também, que o papel da família é fundamental para assegurar um atendimento mais eficiente. "Os familiares devem observar o comportamento do paciente, se está tomando a medicação e se, durante o dia, apresenta algum comportamento inadequado. As informações ajudam a equipe socorrista a tomar uma decisão mais adequada ao fazer o atendimento", reforça o médico do Samu.
Medicamentos e Outras Drogas
O médico destaca, também, que a combinação do uso de medicamentos com drogas ilícitas ou bebidas alcoólicas piora o quadro clínico da pessoa, podendo leva-la à perda de consciência. Por isso, é fundamental que a pessoa esteja tomando a medicação corretamente, evite bebida alcoólica e outras drogas, além de se submeter a um processo psicoterápico, que ajuda a pessoa a não entrar em surto.
"As urgências e emergências psiquiátricas apresentam um grau de criticidade maior, visto que as vítimas envolvidas estão com suas faculdades mentais alteradas, que as colocam em um risco maior, bem como para as equipes envolvidas. Treinamentos direcionados para esse tipo de atendimento são fundamentais para garantir a segurança das vítimas e das equipes, reduzindo os casos de surtos e das tentativas de suicídio", enfatiza Jordiran Soares.
Todos os profissionais, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que fazem diariamente os atendimentos do Samu são treinados para atender os casos psiquiátricos. “Para isso, eles participam periodicamente de atualização dos conhecimentos, ministrados no módulo do Curso de Atendimento Pré-hospitalar (APH), exclusivo sobre os atendimentos psiquiátricos", informa o coordenador do Samu Maceió, médico Jhonat Silva.
Comitê
Para reduzir os índices de suicídio e amenizar o sofrimento psíquico dos alagoanos, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), criou o Comitê Estadual de Prevenção e Pósvenção do Suicídio do Estado de Alagoas. O comitê elaborou um Plano de Ação Estratégico (PAE 2023/2024), que está sendo discutido e implementado.
Para o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Ponte de Miranda, o tema precisa ser discutido em todo o Estado, para que se encontrem mecanismos que possam reduzir o sofrimento psíquico e, com isso, reduzam, ao máximo, os casos de suicídio. "Verificamos que, após a pandemia da Covid-19, o número de pessoas que apresenta sofrimento mental aumentou. O que se reflete nos atendimentos realizados pelo Samu e, por isso, o Comitê Estadual de Prevenção e Pósvenção do Suicídio do Estado é uma iniciativa fundamental", pontua o gestor da saúde estadual.
Sintomas e Sinais
Irritabilidade, insônia, inquietação, dores de cabeça, diarreia, sensação de estar perdendo o controle, representam os sinais indicativos de que a pessoa esteja com o sintoma de ansiedade. Segundo os especialistas, a pessoa pode apresentar também comportamento de evitação, ou seja, fugir do problema.
Esse comportamento é mais prejudicial, porque é preciso saber a origem dos sinais, enfrentá-los e superá-los. É o denominado Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), ou seja, quando se sabe a causa é mais fácil sofrer menos e até deixar de sofrer.
Ajuda
Se os sinais e sintomas da ansiedade são frequentes, é prudente procurar ajuda para evitar que a ansiedade passe para um agravo mais complexo, que é a depressão. Muitas instituições dão suporte psicoterápico às pessoas que estão em processo agudo de ansiedade, que estão em depressão ou que tentaram o suicídio.
Uma delas é o Centro de Promoção à Saúde, Educação e Amor à Vida (Cavida), que atende pelo telefone 9.8879-2710. Já o Centro de Valorização da Vida (CVV) dá suporte, através de acolhimento, pelo telefone 188.
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