Com os custos de produção superando o preço do litro de leite ao produtor, produzir leite já não é considerado tão rentável assim em meio ao agravante da seca que toma conta de diferentes regiões produtivas de Alagoas.
Muitos agricultores familiares que dependem do Programa do Leite para tocar a vida no campo estão com custos variando entre R$1,30 e até R$ 1,65 na produção do leite que entregam ao Programa, segundo dados levantados pela Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) e Sebrae/AL.
De acordo com a Cooperativa, que já chegou a organizar quase 5 mil produtores, alimentação e água são os pontos que mais pesam no bolso do agricultor. “Com a seca e falta de infraestrutura hídrica, o custo a cada ano vem aumentando. Os produtores estão impossibilitados de produzir o milho, o sorgo e a palma, que são fontes de energia. A proteína que vem da soja por ser importada e totalmente inviável ao pequeno produtor”, descreve a situação o presidente da CPLA, Aldemar Monteiro.
Uma nova política de preço, com base nos custos de produção, será proposta pela Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), segundo o diretor Aldemar Monteiro: “colocaremos na balança a variação do custo do produtor para captação dos volumosos, que é o que incrementa ração”, conta. "Nossa sugestão é que os gestores do Programa avaliem a pertinência do aumento para R$ 1,60 considerando todos os custos, inclusive com água perante a estiagem", revelou.
Sem muito o que fazer e dependendo da doação do bagaço da cana e economias para bancar o abastecimento com carros-pipa, o produtor João Hélio, vive “na corda bamba”. Para ele, uma política de preço justo, mesmo que temporária, poderia livrar o pequeno produtor do caos momentâneo.
“A cada dia pior, nosso gado não tem água pra beber, depende exclusivamente do bagaço da cana misturado com palma para não passar fome. Mesmo contendo gastos, os preços com ração e água ultrapassam o valor que a gente ganha pelo litro do leite”, comentou o produtor inconformado por conviver com os efeitos da seca.
Atualmente o Programa do Leite é o principal responsável no escoamento da produção dos pequenos agricultores familiares em comunidades quilombolas, associações e povoados. Os produtores fornecem diariamente 17 litros ao Programa no preço de R$ 1,28. Apesar dos benefícios ofertados ao produtor, o preço praticado já não é tão atraente em meio ao mercado e ainda cobre custos de produção.
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