O presidente da Câmara de Vereadores de Água Branca, Holandinho de Neuza (PP), parece não estar contente com as manobras do filho do prefeito de Água Branca que decidiu eleger a companheira como sucessora do pai no município.
O vereador foi eleito pela primeira vez junto com o prefeito Zé Carlos, em 2016, com 398 votos (3,41%). Muito atuante, conseguiu se reeleger com 857 votos (7,85%), em 2020. Zé Carlos também foi reeleito, contando com o apoio incondicional de Horlandinho.
Como presidente da Câmara Municipal, defensor ferrenho da gestão municipal, Horlandinho firmou-se como opção viável para a sucessão de Zé Carlos. Ele estava cheio de esperança porque sabia que o prefeito não iria cumprir o acordo que havia feito com o vice-prefeito, Ricardo Lima, para apoiá-lo como sucessor.
Sabia também que Zé Carlos também tinha à disposição o vereador Professor Carlos, parente da primeira-dama, que já foi prefeito do município, mas que figurava como última opção.
Foi aí que o clã do prefeito mostrou que grupo político para ele significa conglomerado de familiares, cogitando a sobrinha Taiana Lima, então secretária de Assistência Social, como possível sucessora. Nesse momento os Carvalho estavam indicando que pretendiam apoiar alguém da confiança deles.
Apesar disso, como fiel escudeiro, Horlandinho se manteve à disposição, mas Zé Carlos estava disposto a continuar sucumbindo aos desejos do filho, prefeito de fato. E com isso traiu a todos que não representavam o anseio mais íntimo de Claudinho, decidindo apoiar a companheira dele como pré-candidata a prefeita.
Era a escolha menos óbvia, alguém que nunca chegou a ser cogitada no cenário político do município, mas a escolha estava e continua definida. Nayara Emmanuela será a candidata apoiada pelo prefeito para sua sucessão. Agora ela aparece quase em todas as postagens do sogro nas redes sociais.
Para o vice-prefeito Ricardo Lima essa foi a oportunidade de divulgar a todos que Zé Carlos havia o traído logo no início da gestão e que vinha sendo feito refém por ele esse tempo todo. Para Horlandinho restou apenas a esperança de ser vice na chapa da nora do prefeito, mas, ao que indica, nem para isso ele detém a confiança dos Carvalho.
Horlandinho está preparado para ser candidato a vice, inclusive cogita apoiar a esposa para vereadora, caso isso ocorra. Não obstante, ele já está ciente de que quem manda nas vontades de Zé Carlos pode colocar o Professor Carlos como vice na chapa de Nayara, mantendo tudo em casa.
Nesse caso, para o vereador resta apenas focar na busca pela reeleição ao lado do prefeito de quem não tem a confiança ou buscar oportunidade em uma chapa majoritária do lado da oposição.
Seria a perda de um importante aliado para Zé Carlos, que, embebecido pelas veleidades do filho Claudinho, evidencia que não obteve nenhuma experiência política com o pai, José de Souza Carvalho, que já foi vereador e prefeito do município de Tacaratu, em Pernambuco.
Em meio a essas reviravoltas, fica evidente a máxima de Leonel Brizola: "A política ama a traição e odeia o traidor." Água Branca está prestes a testemunhar os desdobramentos dessa intrincada trama política, onde lealdades são postas à prova e alianças são feitas e desfeitas em busca do tão almejado poder municipal.
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