A vazão mínima do Rio São Francisco nas represas de Sobradinho, na Bahia, e Xingó, entre Alagoas e Sergipe, pode cair para 700 metros cúbicos por segundo, de acordo com informações divulgadas esta semana pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).
Isso porque, devido à redução da quantidade de chuvas na região da Bacia Hidrográfica do Velho Chico, o volume de água que chega a ele vem diminuindo. A medida visa garantir reserva de água nas represas para a produção de energia elétrica. Atualmente, a vazão é de 800 metros cúbicos por segundo.
Caso seja adotada, a nova vazão do rio pode comprometer as captações de água que existem após a represa de Xingó, tanto do lado de Alagoas quanto de Sergipe. Segundo dados da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), mais de 40 municípios alagoanos dependem da água do São Francisco. Com a redução da vazão, a empresa estadual terá que fazer adequações em suas estruturas para captação do líquido.
Por outro lado, a navegação entre os estados de Alagoas e Sergipe também ficará comprometida. Além disso, também existem os riscos ao meio ambiente, já que a redução da vazão da água pelas represas altera o ciclo do rio. Em Pão de Açúcar (AL), no início deste ano, foram registrados ataques de piranhas a banhistas. A suspeita é de que os peixes mudaram seus hábitos devido à redução anterior na vazão do rio.
Quem mora na foz do Rio São Francisco também já vem sentindo os efeitos da constante redução de vazão, que até alguns anos atrás era mantida em 1.300 metros cúbicos por segundo. Em Piaçabuçu, a água retirada do rio para abastecer os moradores fica salgada durante algumas horas do dia. Isso porque a cunha salina avança sobre o rio, levando água do mar para o interior do Velho Chico. Dessa forma, a Casal suspende a captação em alguns momentos.
Antes, quando a vazão das represas de Xingó e Sobradinho era maior, o rio tinha mais força para “vencer” o mar quando chegava à foz e não havia risco de captação de água salgada em Piaçabuçu. O mesmo problema é enfrentado por municípios de Sergipe.
Outra consequência da redução de vazão do rio tem sido o aparecimento de espécies típicas do mar, como tubarões, que já foram capturados nas águas do Velho Chico em Piaçabuçu.
Segundo o comunicado espalhado esta semana pela Chesf, já foram enviadas à Agência Nacional de Águas (ANA) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) correspondências informando a necessidade de se reduzir a vazão para 700 metros cúbicos de água por segundo.
O documento diz ainda que “dada a excepcionalidade e gravidade da atual situação em termos de segurança hídrica para a Bacia do São Francisco, é premente a necessidade de que todos os segmento atuantes na região definam a sua estratégia e planos de ação para execução das medidas necessárias no seu âmbito de atuação, vez que o uso da água é responsabilidade de todos e que a gravidade da situação requer proatividade”.
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