A Globo segue em sua cruzada para melar o direito e achar uma presepada supostamente legal para justificar a óbvia parcialidade de Sergio Moro nos processos contra Lula.
Com uma cortina de silêncio em torno dos novos diálogos entre o ex-messias de Curitiba e os procuradores, restam esses atentados à Justiça que fontes da área sopram e o sujeito repete.
Desta vez a palhaçada veio pela pena de Ascânio Seleme, o ex-diretor de redação do jornal do grupo, famoso pelo nome de expectorante e por ter dado o prêmio “Faz Diferença” a Moro em 2015, juntamente com o patrão João Roberto Marinho.
Em sua coluna deste sábado, Seleme dá duas notas sequenciais.
Na primeira, repete a papagaiada de que “a Lava-Jato incomodou mais por ter alcançado gente graúda do que pelos pecados que cometeu”.
Em seguida, ataca com a seguinte inovação:
Há um princípio na jurisprudência que poderia servir a Sergio Moro caso o Supremo Tribunal Federal aceite o pedido da defesa do ex-presidente Lula e não rejeite sumariamente a arguição de suspeição do ex-juiz da Lava-Jato. Trata-se da “busca da verdade real”.
Por ele, a Justiça não pode se satisfazer com a realidade formal dos fatos, mas sim buscar que o ius puniendi (direito de punir do Estado) seja efetivamente produzido. Neste caso poderia até caber ao juiz orientar o Ministério Público em processos penais.
É dose para cavalo, como diziam os antigos.
Não há no Código de Processo Penal brasileiro nada que autorize o juiz a orientar o Ministério Público, a Defensoria Pública ou a advocacia.
O que está lá, límpido e cristalino, é o artigo rezando que “o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes se tiver aconselhado qualquer das partes”.
Ponto.
Quem não se satisfaz com “a realidade formal dos fatos” é a turma do Ascânio.
*É diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas. Esse artigo foi originalmente publicado em 13/02/2021, no site Diário do Centro do Mundo.
Utilize o formulário abaixo para comentar.