Nunca pensei que diria isso de um jogador de futebol – em geral, burros e coxinhas –, ainda mais um jogador de futebol/comentarista da TV Globo, mas eis que a vida mais uma vez me surpreende: Juninho Pernambucano é o maior ídolo que eu terei hoje.
Ele só precisou publicar em suas redes oficiais uma pesquisa que mostrava que (óbvio!), o Brasil, como alguns países ocidentais – o mundo, eu teria a ousadia de dizer – tem se tornado mais conservador, para ter que lidar com um exército de Bolsominions munidos até os dentes com xingamentos e frases feitas.
Quando ele pediu que os fãs de Bolsonaro parassem de seguí-lo, o arerê esteve completo.
Até Flávio Bolsonaro – quem? – se disse decepcionado com Juninho Pernambucano. O jogador – como você, leitor, deve ser capaz de prever – realmente não se importa.
Ele rebateu dizendo que não faz questão de andar ao lado de gente preconceituosa. Fofo.
Os bolsominions usaram o mesmo modus operandi de sempre: disseram que as críticas eram preconceituosas e baseadas em mentiras e que essa gente de esquerda é cheia de ódio no coração.
Vencido e sem argumentos, Flávio Bolsonaro encerrou a treta dizendo que Juninho Pernambucano é um militante pró-Dilma. Todo direitista imbecilizado encerra uma discussão política com “fora petê” ou equivalentes.
Juninho Pernambucano decerto deu de ombros – como gastar energia com gente que não tem argumento? Um jogador de futebol deve ter mais o que fazer.
O jogador de futebol em questão, aliás, é uma voz solitária e necessária no meio futebolístico. Jogadores de futebol quase nunca falam de política/questões sociais (e quando inventam de falar, santo deus, seria melhor ser surda).
Juninho Pernambucano não: ele posta sobre política mundial, práticas sociais progressivas e está conectado com o sistema-mundo.
Diferente da machista casta de jogadores de futebol que temos no Brasil, ele se importa com coisas que realmente importam – e que não incluem necessariamente lanchas em Noronha e festinhas em Ibiza. E ainda por cima coloca bolsominions em seu devido lugar – o lugar da insignificância, claro.
Me liga, Juninho.
*É escritora, roteirista, militante feminista, mestranda em Cultura e Arte. Canta blues nas horas vagas (este artigo foi publicado originalmente no site Diário do Centro do Mundo)
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