Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentaram o tom dos ataques às pesquisas eleitorais depois de o novo levantamento Ipec, divulgado na segunda-feira (20), indicar que Lula oscila para cima, dentro da margem de erro, e ampliou a vantagem sobre o presidente no primeiro turno.
O petista oscilou um ponto percentual para cima e chegou aos 47% das intenções de voto no 1º turno. Bolsonaro se manteve com 31%. Com isso, a diferença entre os dois subiu de 15 para 16 pontos em percentuais em uma semana. Em 15 de agosto, quando terminou o prazo para registro de candidaturas, a diferença era de 12 pontos percentuais (44% a 32%).
Logo após a divulgação, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, fez uma ameaça ao Ipec por meio de sua conta oficial no Twitter. No imperativo, ordenou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é responsável por regulamentar a divulgação de pesquisas eleitorais, anotar os números do levantamento e disse que, no dia da eleição, "a população vai cobrar o fechamento desse instituto".
Em reservado, um líder do Centrão alinhado com Bolsonaro foi na mesma linha – "as pesquisas estão uma pouca vergonha", diz – e afirma que, passada a eleição, o grupo vai agir para "regular pesquisas”.
A artilharia contra os institutos corre em paralelo à orientação contra o sistema eleitoral. Em entrevista no último fim de semana, Bolsonaro afirmou que se não tiver 60% dos votos no 1º turno – quase o dobro do que apontam os institutos de pesquisa hoje – "algo de anormal ocorreu no TSE".
E a subida de tom ocorre num momento em que o QG bolsonarista avalia não ter mais tempo – faltam 12 dias para as eleições – ou recursos para mudar o cenário de desvantagem do presidente, considerando que a redução no preço dos combustíveis, o arrefecimento da inflação e os benefícios sociais turbinados não surtiram o efeito esperado.
Bolsonaro tem cobrado uma solução da equipe, mas, como diz um interlocutor, "não tem bala de prata" – ao menos para o 1º turno. Por isso, a esperança é conseguir levar a disputa para o 2º turno para, então, tentar lançar um novo pacote de bondades.
Campanha de Lula tenta evitar abstenção
Na campanha de Lula, o novo Ipec reforçou a aposta de que é possível vencer no primeiro turno (o Ipec diz que, neste momento, não é possível dizer isso pode ou não acontecer).
E, para tanto, a estratégia é estimular as pessoas a irem votar, para reduzir a abstenção, que – segundo interlocutores do presidente – pode ser maior justamente no público mais pobre, em que a vantagem de Lula sobre Bolsonaro é maior (58% a 20% entre os que ganham até 1 salário mínimo, 51% a 27% para quem ganha entre 1 e 2 salários mínimos).
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