Uma das bandeiras de luta do jornalista Deraldo Francisco é a cultura popular, segmento do qual faz parte há mais de 30 anos. Nesse período, ele observou que os grupos culturais sobrevivem com as sobras dos orçamentos Municipal e Estadual em Alagoas.
Mais grave que isso é que, quando esses recursos demoram a chegar, os grupos são obrigados a aceitar as migalhas oferecidas pelos políticos, principalmente num momento como esse, de campanha eleitoral. “Só quem faz cultura em Alagoas sabe o malabarismo que tem de fazer para colocar seu grupo na rua”, comentou Deraldo Francisco.
Dependendo dessas ajudas, coco de roda, quadrilhas juninas, bois de carnaval, escolas de samba, entre outros, perdem a identidade e passam a ser propriedade dos políticos que lhes estendem uma mão com algumas notas de Real e os amarram com a outra. A prova disso está nas camisetas dos integrantes dos grupos. Muitos nomes desses políticos são estampados em espaços bem maiores que o da identidade dos grupos.
“Os diretores dos grupos culturais acabam recorrendo a essa vergonha porque a cultura não é tratada como prioridade pelo poder público. Paga-se uma fortuna a um cantor do piseiro da moda, mas o troco vai para os grupos culturais. Não deveria ser, mas isso é uma rotina de décadas no segmento”, disse o jornalista, que é filiado à Unidade Popular.
Deraldo Francisco defende a criação de um fundo específico para a Cultura Popular em Alagoas. Esse fundo, sempre nos períodos das preparações para as apresentações dos grupos, daria um fôlego a mais para produção dos figurinos, coreografias e deslocamentos dos seus componentes. Ele foi informado de que, há alguns anos, os grupos culturais discutiram a criação desse fundo. No entanto, a ideia nunca avançou: ficou só no ensaio. “Se existe a proposta de criação do fundo e ele não funciona, então, não existe”, comentou.
“Com o fundo em operação, não haveria a necessidade de os grupos culturais serem cooptados por políticos aproveitadores das fragilidades do segmento em Alagoas. O apoio com recursos do Município e do Estado continuaria, como forma de estabelecer uma independência dos entusiastas da cultura popular em Alagoas”, afirmou Deraldo Francisco.
“A falta de políticas públicas direcionadas aos grupos culturais que precisam de investimentos nas comunidades faz com que os grupos busquem outras alternativas tipo: vendas de rifas, realização de bingos solidários, venda de camisas do grupo cultura. Poucos são os políticos que ajudam sem segundas intenções. O papel dos políticos é investir em programas de assistência e incentivo à cultural. O que não se faz no momento”, disse Elvis Pereira, presidente da Liga de Cocos de Roda de Alagoas (Licoal).
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