Após operações da Polícia Federal contra atos antidemocráticos, aliados do presidente Jair Bolsonaro amenizaram o tom de seus discursos. No recuo, parlamentares bolsonaristas ainda procuraram justificar manifestações, comportamentos agressivos e ataques postados nas redes sociais. Até mesmo Carlos, o filho vereador de Bolsonaro, adotou uma posição mais cautelosa e amistosa na Câmara Municipal do Rio.
Alvo de uma representação apresentada pelo vereador Leonel Brizola (PSOL) na Comissão de Ética da Câmara Municipal, Carlos Bolsonaro prestou esclarecimentos ao colegiado na última segunda-feira. Entre outros fatos protagonizados pelo parlamentar, estão xingamentos no grupo de vereadores num aplicativo de conversas e nas redes sociais, insinuações de que colegas usam drogas, ameaças de agressões físicas e palavrões.
Carlos apareceu no vídeo, durante a reunião virtual, acompanhado de um advogado. Sem a agressividade de sessões anteriores, o filho de Bolsonaro brincou com Brizola e recorreu ao famoso “deixa isso pra lá”. Ele pediu aos presentes, que não eram só os vereadores da comissão, paciência. Lembrou que não é fácil ser filho do presidente da República, que está sendo muito pressionado e que é muita tensão, até para o próprio pai. O vereador se comprometeu a não mais ofender os colegas.
Também na segunda-feira, o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), alvo de operação da PF, divulgou um vídeo para afirmar que o ato realizado no último sábado diante do Supremo Tribunal Federal (STF) era um culto evangélico e não um ataque à Corte. Registros em vídeo do episódio mostram que manifestantes xingaram ministros do tribunal e soltaram fogos de artifício na direção de sua sede.
— Acabei descobrindo a verdade sobre os fogos de artifício aqui em Brasília, em frente ao STF. Não tem nada a ver com ataque — disse no início do vídeo, para justificar depois: — Eu tava um pouco incomodado com isso, tava em casa, falei com os meus amigos e eles falaram: “Olha, o negócio dos fogos de artifício não foi nada de ataque”. Aconteceu um culto. O culto, na verdade, foi um culto diferente. E, ao final, tivemos fogos de artifício. Contudo, algumas pessoas gritam: “Fora, STF!”, não sei o quê. São atos isolados que não representam todas as opiniões.
Nas imagens que divulgou, Silveira aparece rodeado por pessoas que afirma serem participantes do acampamento bolsonarista na Praça dos Três Poderes, que o governo do Distrito Federal desmontou no último sábado. Ao parlamentar, uma mulher diz que esteve no ato de sábado e descreve um culto, dizendo que estava de olhos fechados orando quando os fogos começaram e que não os compreendeu como um ataque ao STF. Ao fim do vídeo, após um homem defender o impeachment de membros do STF, Silveira declarou que os magistrados são apadrinhados por políticos e, por isso, “o STF tem que se colocar no lugar dele” porque “é garantidor da Constituição, mas antes é empregado público”.
Sem ataques ao STF
Leandro Cavalieri, ou Cavalieri do Otoni, foi uma das pessoas que aparece em um vídeo nas redes no último sábado ao lado de integrantes de um grupo que jogou fogos de artifício em frente ao Supremo Tribunal Federal. “Você não vai acabar com o Brasil. Viva a democracia. Canalhas”, protestou. Embora Leandro Cavalieri tenha dito que é assessor do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), o parlamentar da base do presidente Bolsonaro nega que ele trabalhe na sua equipe. Mas admite que o manifestante é ligado a ele e que o apoiaria em sua candidatura a vereador no Rio:
— Leandro Cavalieri é um conhecido meu, que me pediu apoio para as próximas eleições. É alguém que tenho certo carinho, mas nunca fez parte da minha assessoria. Condeno a sua atitude e condeno qualquer ato às instituições. Estamos confundindo nosso direito de opinião com o ataque às instituições. O apoio que o Leandro Cavalieri teria da minha parte não acontecerá mais.
Otoni de Paula, com isso, mostra uma completa mudança de tom com o STF na comparação com os últimos meses. É possível encontrar vídeos do deputado na internet com o título “O STF planeja o golpe”.
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