O complexo penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo, é conhecido por abrigar o 'presídio dos famosos' e deve receber mais um preso por crime de grande repercussão: nesta sexta-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aceitou o pedido para transferir Ronnie Lessa, preso por participar da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, à penitenciária no interior paulista.
Ronnie Lessa deve se juntar a outros presos famosos e por crimes de repercussão. Entre eles estão o ex-jogador de futebol Robinho, além de Cristian Cravinhos e Fernando Sastre -- o motorista do Porsche envolvido em acidente que matou um motorista de aplicativo em SP.
Além deles, o complexo também tem entre a lista de detentos Lindemberg Alves -- preso por matar a namorada Eloá, em 2008 -- e Gil Rugai, condenado pela morte do pai e da madrasta em SP.
Além dos que atualmente cumprem pena na unidade, a P2 de Tremembé, que faz parte do complexo, também já abrigou outros famosos, como Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha Isabella, que deixou a prisão no mês passado e agora abriu um MEI para trabalhar em SP.
Mizael Bispo, que foi condenado pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima, também cumpriu parte da pena na P2 de Tremembé. Ele foi solto em agosto do ano passado, após progredir para o regime aberto.
Confira os presos que atualmente estão no 'presídio dos famosos' em Tremembé:
Robinho
O crime ao qual Robinho foi condenado aconteceu em 2013. Na ocasião, Robinho era um dos principais jogadores do Milan, na Itália. A condenação do ex-jogador, no entanto, só aconteceu no início de 2022, no país europeu.
Robinho foi condenado em última instância pelo crime de estupro coletivo. O crime de violência sexual aconteceu contra uma mulher em uma boate em Milão.
Fernando Sastre, o motorista do Porsche
Fernando Sastre Filho foi preso no dia 6 de maio ao se entregar à polícia após a decretação da prisão dele pela Justiça. Antes ficou três dias foragido sendo procurado.
Ele é réu no processo no qual é acusado pelos crimes de homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana) e lesão corporal gravíssima (feriu o amigo Marcus Vinicius Machado Rocha).
Fernando estava a 114,8 km/h quando bateu na traseira do Renault Sandero de Ornaldo, segundo laudo pericial da Polícia Técnico-Científica. Marcus ocupava o banco do passageiro do carro de luxo. O limite de velocidade para a via é de 50 km/h.
Em seu interrogatório, o motorista do Porsche negou ter bebido. A Polícia Militar (PM), que atendeu a ocorrência liberou Fernando sem fazer o teste do bafômetro nele. A Corregedoria da PM apura a conduta dos agentes que erraram na abordagem. Ele foi transferido para Tremembé no dia 11 de maio.
Cristian Cravinhos
Cristian Cravinhos foi condenado a 38 anos de prisão pelo assassinato do casal Richthofen, em 2002. Ele chegou a cumprir parte da pena no regime aberto – quando a Justiça permite que o restante da pena seja cumprido fora da prisão, mas com acompanhamentos --, mas perdeu o benefício em 2017, meses depois de sair, quando foi preso após se envolver em uma confusão em um bar em Sorocaba.
Na época, PMs que atenderam a ocorrência declararam que o réu chegou a oferecer dinheiro para não ser preso e não perder o benefício. Ele foi condenado pela tentativa de suborno e com isso voltou ao regime fechado.
Em outubro de 2021, a defesa de Cristian pediu a contagem dos dias de remissão de pena por trabalho e conseguiu na Justiça a redução em 149 dias na pena total de 41 anos e 10 meses por trabalhos prestados na prisão.
Lindemberg Alves
Lindemberg foi condenado inicialmente a 98 anos de prisão pela morte da namorada Eloá, em outubro de 2008, em Santo André (SP). Na época, Lindemberg invadiu o apartamento onde morava Eloá e manteve ela, sua amiga Nayara Rodrigues e outros dois colegas de escola delas, reféns.
Eloá ficou cinco dias em cárcere privado, sob ameaças do namorado. Os outros reféns foram liberados, mas Nayara voltou ao local por orientação da polícia. No dia 17 de outubro de 2008, a polícia invadiu o local depois de escutar um ruído que seria de um tiro.
Antes da entrada da PM, o Lindemberg ainda conseguiu balear Nayara (que sobreviveu) e deu dois tiros em Eloá, que morreu.
Em 2013, a pena dele foi reduzida para 39 anos e, em 2021, o detento chegou a obter progressão ao regime semiaberto, mas o benefício foi revogado quatro meses depois. No fim de 2022, conseguiu progredir novamente ao semiaberto.
Gil Rugai
Gil foi condenado a 33 anos e 9 meses de prisão pela morte do pai e da madrasta em março de 2004. Na ocasião, a Polícia Civil e o MP acusaram o ex-seminarista de matar o pai e a madrasta a tiros depois que seu pai descobriu que o filho desviava dinheiro da empresa.
Gil Rugai, que também trabalhava no local, sempre negou o crime. Luiz Rugai foi baleado com seis tiros: um deles o atingiu nas costas e outro na nuca. Alessandra Troitino foi atingida por cinco disparos.
O casal foi encontrado baleado e morto à época na sede da agência de publicidade que funcionava na casa onde morava em Perdizes, Zona Oeste da capital. Luiz tinha 40 anos de idade e Alessandra, 33. Rugai tinha 20 anos naquela ocasião.
Desde o crime, Gil Rugai já teve diversas entradas e saídas da prisão. Desde 2016, ele cumpre a pena na P2 de Tremembé. Em 2021, ele progrediu ao regime semiaberto, mas chegou a ter o benefício suspenso em abril do ano seguinte, o que conseguiu reverter na Justiça dois meses depois.
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