A primeira-dama Michelle Bolsonaro confirmou, em entrevista a Record TV, exibida neste domingo (20), a indicação de Priscila Gaspar, uma amiga sua, para o comando da Secretaria Especial dos Direitos das Pessoas com Deficiência, subordinada ao Ministério dos Direitos Humanos. Surda e ativista, Priscila atuou na campanha de Bolsonaro em 2018.
“A Priscila Gaspar tem um currículo invejável. Ela é uma surda bilíngue, ela é professora da PUC de São Paulo”, disse. “Então, olha a maldade. Eu esperava assim: a primeira surda da história a ocupar uma vaga no governo. Algo que fosse abrilhantar”, afirmou a primeira-dama.
Michelle criticou a forma como a imprensa tratou a indicação. “Foi como se eu estivesse fazendo a farra das amigas. Como se eu estivesse beneficiando amigas, e não foi isso”. A primeira-dama não comentou, e também não foi questionada, sobre as movimentações financeiras envolvendo sua conta bancária e a de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL).
Além de Priscila, outros surdos também foram levados para atuar em pastas do governo. Elizangela Castelo Branco, amiga da primeira-dama que atuou como tradutora em libras na posse, disse ao jornal O Globo, na semana passada, que, se não fosse por Michelle, Bolsonaro não teria dedicado tanta atenção à causa. A tradutora também integra a Igreja Batista Atitude, frequentada por Michelle no Rio, e esteve presente no primeiro almoço oferecido pela primeira-dama na Granja do Torto após a posse.
A respeito do discurso, Michelle declarou à Record TV de que a tradução para Libras não foi uma jogada de marketing, mas “um segredo bem guardado” e “muito natural”. A primeira-dama contou que a ideia surgiu 10 dias antes da posse, e que até o dia anterior ao evento somente ela e a intérprete sabiam do discurso.
O cerimonial foi comunicado na véspera e Bolsonaro soube dele apenas duas horas antes da cerimônia. Michelle também afirmou ter brigado “indiretamente” com o cerimonial da posse para ter um intérprete para traduzir o hino nacional para Libras. “Eu estou educando as pessoas a respeitarem os direitos que eles já conseguiram”, disse.
VIDA PESSOAL E JUVENTUDE
A primeira-dama ainda falou de sua vida pessoal e relembrou a presença da violência e do crime durante sua juventude na periferia do Distrito Federal. “Eu cresci no meio de traficantes e eram os meus amigos. Nós crescemos juntos, cada um tomou um caminho. Eu vi vários amigos morrerem com 13, 14 anos”, disse.
Utilize o formulário abaixo para comentar.