O Ministério da Educação está elaborando uma programação de consultas públicas, pesquisas e eventos para discutir a implementação do novo ensino médio no país, assunto que se arrasta há anos. Em maio, o MEC deve lançar uma consulta via WhatsApp que deve alcançar cerca de cem mil estudantes e professores. A ideia é que essas atividades sejam estruturadas, para evitar a polarização do tema. Nesta semana, o presidente Lula disse que não adianta revogar o novo ensino médio sem ter nada para colocar no lugar. No início do mês, ele havia dito que o governo vai aperfeiçoar a reforma. A revogação do novo ensino médio tem sido uma reivindicação de várias entidades estudantis.
Mendonça Filho, que foi deputado federal e ex-ministro da Educação no governo Michel Temer, foi um dos responsáveis pela aprovação do novo ensino médio. Ele defende que o sistema vai dar mais flexibilidade curricular e mais protagonismo aos jovens, permitindo que eles decidam que área de conhecimento desejam se aprofundar. “É a flexibilidade curricular, um conteúdo comum, respeitando a base curricular da ordem de 60%, e 40% do conteúdo com itinerários variados, onde se valoriza o protagonismo do jovem, dos seus projetos de vida, seus sonhos, a diretriz do caminho profissional que ele deseja, formação técnica, acesso ao ensino superior, para que a gente possa vencer esse flagelo gritante do ensino médio brasileiro”, disse.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação é contra o novo ensino médio, já que ele deve ampliar as desigualdades, como diz o presidente da entidade Heleno Araújo: “Ao indicar que vai fomentar a escola em tempo integral sem indicar novos investimentos para construir escolas, você transforma escolas em três turnos em um único, não cabem todos lá dentro. Mais de três mil municípios só têm uma única escola com ensino médio, então você expulsa a juventude da escola e, na prática, nesses dois anos de aplicação, isso está acontecendo. Os jovens, principalmente os mais pobres, estão deixando de ir para a escola, porque não conseguem ficar o dia todo na escola, porque tem que ajudar a família no sustento do dia a dia”. O ensino médio é uma das etapas escolares com mais problemas no Brasil. Um terço dos jovens de dezenove anos sequer finaliza a escola.
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