A Petrobras anunciou uma nova redução de 5,8% no preço do diesel vendido ás distribuidoras nesta segunda-feira, 19. O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rogério Mori. Para o economista, ainda são possíveis futuras reduções para compensar a alta do combustível neste ano, que supera os 40%: “Desde agosto a gente está acumulando praticamente 13% de queda nessas reduções. O impacto direto na inflação é muito pequeno, o diesel no IPCA pesa muito pouco. Mas ele tem um efeito indireto muito importante, porque todo o nosso transporte é baseado em rodovias e nisso o diesel tem um efeito muito grande sobre o custo do frete. Essa redução vem em boa hora e ajuda a reduzir a dinâmica da inflação, que é algo importante nesse momento. É uma boa notícia que a gente tenha essa queda, esses R$ 0,30 na ponta da distribuição, é algo que vem se somar depois de uma série de más notícias que a gente teve no primeiro semestre. Agora, no segundo semestre, a gente está tendo uma sucessão de boas notícias de queda no setor de combustíveis”.
O economista também analisou o preço comparado do diesel em relação aos outros combustíveis e o diferente impacto da redução do gasolina: “Quando a gente observa a inflação, a gasolina tem um impacto muito maior do que o diesel, por exemplo. Para o consumidor, no caso da gasolina, é muito mais visível. No curto prazo, teve uma mudança na relação de competitividade entre os combustíveis. O diesel ficando mais caro que a gasolina não é algo incomum. É um efeito que deve se corrigir no médio prazo. A Petrobras deve corrigir isso nos próximos meses”. O especialista também projeta que o preço internacional do barril de petróleo deve se mantes estável por enquanto e pode cair ainda mais futuramente: “Tem uma volatilidade de curto prazo, mas eu diria que no médio e longo prazo a tendência é de queda. Isso é decorrência do fato de que as economias globais estão desacelerando, a economia global está desacelerando. Os Estados Unidos começam a desacelerar já e a atividade econômica começa a dar sinais de desaceleração. A Europa vai crescer menos a partir do ano que vem. E a China também enfrenta dificuldades e deve desacelerar. O impacto disso é que a demanda pelo produto deve diminuir, dando essa tendência de queda do preço a médio e longo prazo. Não vejo uma nova alta do preço do petróleo como a gente viu a algum tempo atrás”.
A respeito da correção da taxa de juros básicos da economia, que será feita pelo Banco Central nesta sexta-feira, 23, o professor acredita que não haverá aumento da inflação: “Acredito que o Banco Central deve aguardar. A inflação vive os efeitos das desonerações do ICMS e de impostos federais. Tem o efeito da redução da gasolina, agora da redução do diesel. Isso está impactando o IPCA, o próprio IPCA de setembro vai ser negativo. É muito difícil ter uma visão clara da dinâmica da inflação de médio e longo prazo. A inflação está caindo, temos a visão de que a inflação está abaixo de dois dígitos. É de bom tom que o Banco Central mantenha a taxa de juros inalterada nesse momento. E dependendo daquilo que se consolidar a partir de outubro e novembro, que é quando esses efeitos começam a desaparecer no cenário da inflação, eventualmente vai corrigir a política monetária com um aumento, ou não”.
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