O motorista se assusta cada vez mais ao abastecer o carro. De janeiro a agosto, a gasolina subiu 31% e o diesel 28%. Até quem atua no setor, no entanto, ainda não consegue avaliar se o preço dos combustíveis chegou ao teto. É possível que o litro da gasolina venha a custar R$ 8, R$ 9 ou algo próximo de R$ 10? Atualmente, a Petrobras adota a política internacional de preços, sobe no exterior em dólar e há o repasse no Brasil. O diretor da Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres, Rodrigo Zingales, avalia que a estatal poderia agir diferente em momentos de crise. “A Petrobras tem os seus custos, então ela pode fazer o seu preço baseado no seus custos e baseado em uma lucratividade média competitiva do mercado. Qual é a lucratividade de uma petrolífera em um mercado competitivo? Ela poderia adotar essa medida, principalmente nesse momento.”
O presidente Jair Bolsonaro chegou a zerar a alíquota do Pis e da Cofins e cobra os governadores pela alta do ICMS. Rodrigo Zingales analisa que o imposto estadual incide no valor cobrado nos postos. “Um combustível com o preço final de R$ 4 representa R$ 0,80. Uma alíquota de 20% a uma combustível a R$ 7, representa R$ 1,40. Em termos relativos, falando em alíquota não houve mudança, mas em termos absolutos houve mudança considerável”, pontua. A concentração de mercado nas distribuidoras Shell, Ipiranga e Petrobras é outro aspecto que explica os altos valores, analisa a AbriLivre.
“A Petrobras seria responsável por certa de R$ 2 da gasolina, a ANP divulga que o preço médio dos combustíveis dos postos, a margem bruta é inferior a R$ 0,40. Se o combustível está R$ 7, a Petrobras é responsável por R$ 2 e o posto por R$ 0,40. Onde está essa diferença? Quem está ganhando com essa diferença? São as distribuidoras, os impostos? Quem está ganhando com isso”, pontua. O impacto dos combustíveis vai além dos valores pagos nos postos. O aumento também é refletido no preço de produtos e serviços, que são afetados pela incidência do diesel e gasolina.
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