Uma situação que até então atingia apenas alguns cemitérios públicos de Maceió chegou ao interior de Alagoas: no município de Mata Grande, Sertão do Estado, o único cemitério público está lotado e não há espaço para a abertura de novos túmulos.
Segundo um morador da cidade, que preferiu não ser identificado e enviou um relato da situação ao Correio Notícia, quando perdem um parente, as famílias mais pobres estão reabrindo as covas e enterrando as pessoas falecidas sobre os corpos que ainda não chegaram ao estágio de “ossificação”.
“Toda vez que alguém morre, começa outra ‘via crucie’, ou seja, já não basta a dor da perda da pessoa querida, agora começa a dor de cabeça para encontrar onde a coloque. A solução, para as famílias que têm condições financeiras e que já possuem túmulos construídos, é de aumentar o número de ‘andares’, ou ‘gavetas’, dos túmulos. Se nada for feito, Mata Grande será a primeira cidade do interior de Alagoas, talvez do Brasil, que terá ‘edifícios sepulcrais’”, descreveu o morador.
De acordo com ele, mesmo quando havia terreno para vender no cemitério de Mata Grande, ainda assim a população carente sofria, pois o valor do metro quadrado era de R$ 75 e nem todo mundo podia comprar.
“Em outras cidades, geralmente se paga uma pequena taxa, um valor simbólico; em outras, as prefeituras não cobram valor nenhum. É que em um momento de tanta dor, e onde a família muitas vezes já gastou tanto, os prefeitos têm a sensibilidade de não cobrar valor algum das famílias enlutadas. Em Mata Grande, pelo contrário, o valor da terra do cemitério, exigido pela prefeitura, é um dos mais altos que existe. Ou seja, mesmo quando havia lugar para sepultar os falecidos, as pessoas pobres se viam em uma situação complicada”, denunciou.
A assessoria da prefeitura de Mata Grande informou para o Correio Notícia que desconhece que qualquer taxa seja cobrada no cemitério público da cidade e que todas as despesas são arcadas pelo poder municipal. A Secretaria de Obras e Urbanismo garante também que existe um plano para ampliar, ou até mesmo, a construção de um novo cemitério.
Foto: Arquivo/Correio Notícia |
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