Explosões de rochas com dinamites, casas rachadas e o medo da população de a qualquer momento as construções desabarem. Estes foram os motivos de um protesto nesta segunda-feira (12), que reuniu a maior parte dos moradores do bairro Dez, o maior bairro de São José da Tapera.
Durante o protesto, os moradores denunciaram o descaso da Construtora Luiz Costa, com escritório em Maceió, mas que mantém um canteiro de obras próximo da Serra Xitroar, no Bairro Dez, onde são usadas dinamites para explodir rochas, atingindo principalmente a comunidade Xingozinho, onde a maioria dos imóveis estão com grandes rachaduras.
“Nós temos ido até o canteiro de obras e alertado que as explosões estão rachando as casas, mas ninguém da construtora dá importância. Procuramos o prefeito Jarbas, de Tapera e é outro que não se importa com a gente. Cansamos e agora decidimos mostrar para Alagoas o que estamos passando”, afirmou o comerciante e morador do bairro, Anderson Melo.
Mas o que seria um protesto pacifico se tornou motivo de uma série de denúncias contra o prefeito da cidade, Jarbas Ricardo (MDB).
“As explosões no pé da Serra Xitroar estão causando grandes rachaduras nas residências dos moradores do Bairro Dez. O prefeito de São José da Tapera é ciente de todo este acontecimento, mas nada faz. Nada faz porque foi ele que autorizou esta empresa funcionar no local e explodir a Serra Xitroar, causando todo o problema, principalmente na comunidade do Xingozinho, formada por pessoas carentes e simples. Temos cobrado da construtora e do prefeito para que vejam o que está acontecendo e como seria possível recuperar as casas, mas ao invés de resolver o problema o prefeito Jarbas trata os moradores como bandidos, articulando a ida logo no início do protesto de mais de dez guarnições da Polícia Militar que nos ameaçaram. Tudo a mando do prefeito. Essa atitude do prefeito nos deixou amedrontados, porque ele, além de ser aquele que o povo elegeu, é o mesmo que foi preso pela Polícia Federal por desviar mais de R$ 5 milhões da Educação”, disse Anderson Melo.
“Esse prefeito não tá nem ai para a população de São José da Tapera, porque ele mora em Maceió. Ele é o gestor mais mentiroso do Estado de Alagoas e acha que pode levar tudo na mentira e na opressão, prometendo pagar R$ 300 reais para cada morador não participar da manifestação. Esse mesmo prefeito divide um salário mínimo para cinco pessoas e cada uma dessas pessoas está na folha de pagamento do município como recebessem, cada uma, um salário. É a famosa ‘rachadinha’ de Tapera. Tenho denunciado que nesse Bairro Dez existe uma secretária municipal que é o ‘galpão da corrupção’, onde só trabalha quem é família do secretário, todos engajados em desviar dinheiro público. A população pede socorro”, denunciou o comerciante.
Anderson também denunciou que desde que retornou ao cargo de prefeito Jarbas, nas festividades de final de ano, não decora uma parte da praça central, causando indignação de moradores e comerciantes.
“Enquanto o gestor tenta tapiar o povo com meia dúzia de luzes e duas horas de fogos, o povo sofre e esse mesmo prefeito não explica porque o final da praça principal de Tapera não é incluído na decoração de final de ano. Lá, os moradores e comerciantes ficam sem direito a nada. A prioridade, onde se gasta mais da metade do orçamento da festa, é apenas na frente da casa da mãe do prefeito. O restante é feito um ‘arranjo’. Enquanto isto as ruas continuam sujas e nos bairros onde o Governo do Estado calçou, no projeto Cidade Linda, foi abandonado por ordens do prefeito. O mato e o lixo tomaram conta das calçadas e as ruas estão cheias de sujeiras. Essa é a São José da Tapera onde o prefeito usa animais guiados por servidores municipais para recolherem o lixo”, disse o homem.
Perguntado sobre o papel dos vereadores do município diante das denúncias, Anderson foi taxativo.
“Dos trezes vereadores, apenas um não segue as ordens do prefeito. Todos os doze só fazem o que ele manda, porque são pagos pelo gestor para fazerem apenas o que ele quer”, desafiou o comerciante que confirmou que a proprietária da residência onde funciona a Câmara Municipal foi obrigada entrar na Justiça para receber os diversos meses de aluguéis atrasados.
Outra denúncia feita pelo comerciante taperense foi em relação as feiras distribuídas para as famílias carentes do munícipio.
“As cestas básicas chegam num mês e eles escondem em galpões, para que sejam divididas entre eles e depois, se sobrar e quando estar próximo dos alimentos se vencerem é que as cestas são distribuídas para a população”, finalizou o comerciante.
Procurada em sua matriz, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a Construtora Luiz Costa informou que não iria polemizar o assunto. Na prefeitura de São José da Tapera, conforme cadastro da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), os dois citados como responsáveis pela assessoria do município, não atenderam as ligações. Já na Câmara Municipal ninguém foi encontrado. Já a Polícia Militar, informou através de seu setor de comunicação social, que a ida das guarnições ao local foi solicitada por funcionários da Construtora Luiz Costa e moradores do Bairro Dez que teriam se sentido prejudicados diante das barreiras construídas em um dos acessos, onde foram colocados fogo em pneus.
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