A Fábrica da Pedra, unidade industrial localizada em Delmiro Gouveia, no Sertão de Alagoas, completa 102 anos neste domingo (5) em meio a uma de suas maiores crises. Fundada no dia 5 de junho de 1914 pelo industrial Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, a Fábrica da Pedra S/A Fiação e Tecelagem foi adquirida pelo Grupo Carlos Lyra em 1992.
O empreendimento está fechado há mais de dois meses, quando teve seu fornecimento de energia elétrica cortado devido à existência de dívidas com a Eletrobras Distribuição Alagoas.
Nesse período, não há registro de demissões e os 583 funcionários estão em férias coletivas, porém, alguns deles permanecem temerosos quanto ao futuro.
Por outro lado, o diretor executivo da fábrica, Luiz Anhanguera Lessa, afirmou que a previsão é que a unidade volte a funcionar em julho deste ano. “Não adianta voltar por voltar, temos que voltar para brilhar. E vamos, tenho certeza disso. Continuo acreditando na fábrica e em nossos colaboradores. Tenho certeza que juntos iremos escrever mais um capítulo de vitórias. Com Deus à frente e muito trabalho, vamos virar esse jogo”, disse.
Na época em que ocorreu o último corte de energia, em uma reunião em Maceió, a diretoria da fábrica explicou que não havia condições da indústria quitar à vista o débito de R$ 1.265.000,00 com a distribuidora de energia e solicitou um parcelamento de 36 vezes, mas a Eletrobras não aceitou as condições do pedido, contrapropondo a divisão da dívida em apenas quatro parcelas.
A fábrica tinha duas faturas de energia vencidas, uma no valor de R$ 735 mil referente ao mês de fevereiro e outra de R$ 530 mil correspondente a março. A energia foi cortada, no final de março, quando apenas a primeira fatura estava atrasada, o que para a diretoria da indústria se tratou de uma intransigência da Eletrobras.
O fato é que, antes disso, a indústria já vinha com dificuldades financeiras. Em fevereiro deste ano, o fornecimento elétrico também foi cortado por falta de pagamento e, por conta disso, a fábrica parou, mantendo apenas parte do funcionamento por meio de geradores elétricos. O Museu da Pedra, pertencente à indústria, também ficou sem energia.
A situação já era complicada até mesmo antes da energia ter sido cortada. A indústria já vinha parando o setor de tecelagem, três ou quatro dias por semana, por falta de demanda no estoque. Quando isso ocorria, os trabalhadores do setor ficavam parados, cumprindo o horário de trabalho sem fazer nada.
De acordo com o diretor executivo da fábrica, Luiz Anhanguera Lessa, a indústria começou a sentir os efeitos da crise, que ele classifica como política/econômica, já em janeiro de 2015. “Já naquele momento, grandes indústrias iniciaram um forte movimento de retração, reduzindo produção, dando férias coletivas, demitindo, e outras fechando as portas. Aqui na fábrica não foi diferente, só que a estratégia adotada tinha como foco sobreviver”, disse.
Conforme Luiz Anhanguera, a decisão da diretoria da Fábrica da Pedra foi lutar contra a crise, tomando as medidas possíveis e sempre se resguardando para que no momento certo fossem adotadas as ferramentas outrora escolhidas pelas empresas que não conseguiram sobreviver. “Foi isso que ocorreu. Estamos utilizando todas as ferramentas normais de gestão para enfrentar uma crise. E ainda estamos vivos, com os salários em dia, mesmo sem funcionar”, ressaltou.
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