No último dia 3, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) realizou mais um depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Desta vez, a inovação foi o canudo biodegradável, criado a partir de cera de abelha. Ele foi executado por duas alunas do curso Técnico em Agroindústria, do Campus Batalha.
Em 2019, Ingrid da Silva Cabral e Matilde Ferreira da Silva buscavam um tema que pudesse ser apresentado na 5ª Mostra Multidisciplinar do Campus. Ao constatarem o alto uso material de descartáveis, especialmente o plástico, elas pensaram em uma alternativa sustentável para o problema.
A solução encontrada foi a produção de canudos biodegradáveis a partir da cera de abelha. Logo, a ideia foi selecionada para o Desafio Tecnológico Ifal – Sebrae e virou tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para as estudantes oriundas de São José da Tapera.
O experimento de produção do canudo foi inicialmente desenvolvido nas instalações da própria unidade de ensino, com a cera obtida no município de Senador Rui Palmeira (AL). “Buscamos matérias-primas de fácil acesso e de baixo custo e que não causasse impacto no meio ambiente. Fizemos testes com várias delas até chegarmos à cera de abelha”, comenta Ingrid.
Ainda no Campus Batalha, o canudo passou por testes de temperatura, resistência à PH e acidez, foi imerso em diferentes líquidos: leite, refrigerantes e água, em que foi observado um rendimento de quase 100% nos canudos obtidos. Além disso, o produto mostrou-se viável economicamente para comercialização: a partir de 1 kg de cera de abelha obteve-se 150 unidades de canudos.
“O preço de venda obtido para o canudo de cera de abelha foi de R$1,28 cada, sem a adição do preço da embalagem. Canudos de papel vintage, de vidro e aço inoxidável, por exemplo, são vendidos por sites de compra e venda a R$ 0,60; R$ 8,59; R$ 5,50, respectivamente, de acordo com o Mercado Livre”, apresenta o TCC.
Além de viável, o produto realizado pelas técnicas apresenta um aspecto semelhante ao plástico, maleável e resistente, “com poucas desvantagens e auxiliando na diminuição dos impactos ambientais causados pelos canudos plásticos, por meio de uma decomposição mais rápida e sem contaminar ou agredir o meio ambiente”, completam as envolvidas.
Para a elaboração do canudo, Ingrid e Matilde contaram com a orientação da professora do Campus Batalha, Danielle Martins Lemos, de dois professores do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Elisabete Piancó de Sousa e Emanuel Neto Alves, além do auxílio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NTI), para fazer o depósito no Inpi.
O administrador do NTI, João Paulo Ajala, lembra que o pedido de patente será analisado pelo Inpi em exame formal e, caso seja aprovado, será realizada a sua publicação.
“Depois de 36 meses do primeiro depósito é realizado o exame técnico no qual um especialista na área da patente precisa ter condições de recriar/refazer/construir o objeto da patente tão somente com os documentos informados quando do depósito da patente. Caso aprovado, é realizado o deferimento e após dois meses a concessão da carta patente”, detalha João Paulo.
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