Dedicada ao estudo sobre a educação escolar indígena desde a época em que cursava o Ensino Médio, a jovem inhapiense Allyne Jaciara Alves Rios Oliveira, 30, é a primeira indígena alagoana a concluir mestrado em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante a defesa da dissertação “Povo Koiupanká e a Educação Escolar Indígena: 15 Anos de Resistência no Sertão Alagoano”, nesta quinta-feira (27), em um evento online, por conta da pandemia do novo coronavírus.
A apresentação impressionou a banca examinadora composta pelos professores pesquisadores Dra. Inalda Maria dos Santos (PPGE/UFAL), orientadora; Dra. Edna Cristina do Prado (PPGE/UFAL), examinadora interna; e Dr. Jorge Luiz Gonzaga Vieira (Cesmac), examinador externo.
Os integrantes da Banca destacaram a qualidade teórica e metodológica de todo o trabalho, a relevância da pesquisa, principalmente no âmbito da atual conjuntura na qual os povos indígenas têm sofrido diversas violações de seus direitos, além do fato de ser a primeira dissertação do Programa Pós-Graduação em Educação da Ufal específica sobre a Educação Escolar Indígena do povo Koiupanká.
A dissertação foi aprovada com indicação para publicação e em breve estará disponível para leitura no repositório da Ufal.
“Foram dois anos de muito trabalho e grandes desafios. As idas a Maceió para as aulas, intensificação de leituras, participações em eventos, elaboração e publicação de artigos. Todo o processo de pesquisa exigiu uma imersão teórica e prática exaustiva. Entretanto, estou muito satisfeita em contar a história de resistência do meu povo indígena e trazer para discussão acadêmica e social o âmbito das responsabilidades do Estado na efetivação de políticas públicas educacionais, sobretudo a educação escolar indígena. É uma maneira de dar voz aos povos indígenas alagoanos”, disse a indígena, agora mestre em Educação.
Emocionada com a conquista, Allyne destacou a satisfação em contribuir com a luta de sua etnia e a importância da universidade pública e os espaços de discussões acadêmicas sobre os povos indígenas. A mestre revelou que quer desenvolver trabalhos voltados ao povo Koiupanká, como a elaboração de materiais específicos, a sistematização de uma formação no município relacionada a educação escolar indígena e a Lei 11.645/2003, que torna obrigatório o ensino da história indígena e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas de todo o país. Além disso, ela pretende ingressar no doutorado para dar continuidade às pesquisas.
Mestre em Educação, Allyne é professora da rede municipal de ensino de Inhapi e integrante do grupo de pesquisa Gestão e Avaliação Educacional (GAE). Ela possui especializações em Alfabetização e Letramento (Instituto Pró – Saber - 2017) e Gestão e Tutoria em Educação à Distância (Centro Universitário Leonardo da Vinci - 2016). Além disso, é licenciada em Letras/Literatura (Programa de Licenciatura Intercultural Indígena - Prolind - Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL - 2015) e em Pedagogia (Faculdade de Tecnologia e Ciências - 2012).
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