Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte do cangaço, nasceu, segundo historiadores, em 8 de março de 1911, na localidade conhecida como Malhada da Caiçara, que se localiza no município de Paulo Afonso, na época município de Santo Antônio de Glória, na Bahia. Se estivesse viva, faria neste domingo, Dia Internacional da Mulher, 109 anos.
Seu nome verdadeiro era Maria Gomes de Oliveira e, antes de fazer parte do cangaço, ela era conhecida como Maria de Déa – Déa era como sua mãe, dona Maria Joaquina Conceição de Oliveira, era conhecida.
Para outros historiadores, porém, a data de nascimento dela foi 17 de janeiro de 1910, na mesma localidade. Veja o que diz a escritora Adriana Negreiros, no livro Maria Bonita – sexo, violência e mulheres no cangaço, lançado em 2018 pela editora Objetiva:
“A partir da década de 1990, Maria Bonita passaria a ser lembrada, com frequência, todo 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Em mais uma das inúmeras lendas que cercam sua figura, poetas populares e memorialistas estabeleceram que aquela seria a data de nascimento da cangaceira. Em O espinho do quipá: Lampião, a história, livro publicado em 1997 em coautoria com o pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo, a neta de Lampião e Maria Bonita, Vera Ferreira – ela é filha de Expedita Ferreira, única filha do casal –, cravou a data de 8 de março de 1911. Desse modo, o aniversário da cangaceira soaria como uma predestinação.”
A data de aniversário de Maria Bonita em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi, segundo a escritora Adriana Negreiros, difundida por poetas populares e memorialistas e, depois, confirmada em livro pela neta de Maria Bonita e Lampião, a historiadora e pesquisadora Vera Ferreira.
Na mesma página do mesmo livro, diz Adriana Negreiros:
“Em 2011, ano em que se registraram diversas comemorações pelo suposto centenário de Maria Bonita, um pesquisador de Paulo Afonso, o sociólogo Voldi Ribeiro, localizou o assentamento do batismo de Maria Gomes de Oliveira na paróquia de São João Batista de Jeremoabo. No documento, consta a data de nascimento da criança: 17 de janeiro de 1910. A Rainha do Cangaço, portanto, nasceu no mesmo dia em que, 54 anos depois, viria ao mundo Michelle Obama, futura primeira-dama dos Estados Unidos.”
Mais adiante, a autora destaca sobre Maria Bonita:
“A coragem de desfazer um casamento falido para acompanhar o homem que desejava e a disposição para enfrentar fome, sede e perseguição policial em nome de um grande amor inspiraram gerações de mulheres por décadas. Apesar de esconder o fato de que as cangaceiras eram submetidas a violências constantes na esfera doméstica e privada – embora vivessem ao ar livre do sertão –, essa mitificação não diminui o caráter transgressor da figura de Maria Bonita. Aqueles eram os anos 1930, e mulher decente não abandonava marido, quanto mais para fugir com cangaceiro”.
O apelido Maria Bonita somente foi dado a ela após sua morte junto com Lampião, ocorrida em 28 de julho de 1938, em Sergipe, numa ação de emboscada feita pela polícia alagoana. Enquanto esteve viva, ela era conhecida apenas como Maria de Déa. Seu ingresso no cangaço teria ocorrido entre 1929 e 1930.
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