A morte do escritor alagoano Graciliano Ramos, nascido em Quebrangulo, completa 64 anos nesta segunda-feira (20). Em vários de seus livros, ele usou personagens fictícios para relatar as dificuldades reais do povo simples do Sertão impostas pela seca, pela concentração latifundiária e pela falta de acesso a serviços públicos.
Mais pela linguagem do que pelo enredo dos romances, Graciliano Ramos tornou-se um dos escritores mais importantes do país. Usuário de uma linguagem considerada “enxuta”, “econômica” e direta, o autor também implementou o que se chama de introspecção psicológica de seus personagens.
É o caso do romance Vidas Secas, publicado em 1938, um dos mais respeitados e lidos de toda a sua obra, ao lado de Caetés, São Bernardo e Angústia. Ele chegou a ser prefeito de Palmeira dos Índios, cargo ao qual renunciou, foi preso pelo governo de Getúlio Vargas acusado de comunismo e recebeu diversos prêmios pelo conjunto de sua obra literária, alguns concedidos após sua morte.
Graciliano Ramos morreu no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1953, aos 60 anos de idade, vítima de câncer do pulmão.
Abaixo, trecho escrito por ele e publicado no livro Linhas Tortas (1962) sobre como deve ser o processo de escrita:
“Deve-se escrever da mesma maneira com que as lavadeiras lá de Alagoas fazem em seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.”
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