Quando Marta foi chamada, aos 15 minutos do segundo tempo, para entrar na última final olímpica da carreira, Dona Tereza sorriu timidamente. Ensaiou aplausos e murmurou baixinho: "Que Deus te abençoe, minha filha". Para a mãe da maior jogadora de futebol de todos os tempos, independentemente do resultado do jogo, a maior conquista da filha já estava há muito sacramentada.
"Seis vezes melhor do mundo. Quantas meninas ela já puxou para o futebol? Minha filha abriu caminhos. Não tinha esse negócio de menina jogando bola. Aqui era só ela, era muita crítica. Eu tenho muito orgulho dessa medalha de prata, minha filha", afirmou Dona Tereza.
Quando deu essa declaração, ainda diante de um telão, em Dois Riachos, Sertão de Alagoas, cidade a aproximadamente 200 quilômetros da capital Maceió, a mãe da maior jogadora de futebol de todos os tempos trocara o semblante tenso em definitivo pelo sorriso.
A recém-sacramentada derrota para os Estados Unidos, por 1 a 0, para ela, em nada mudou o lugar do pódio que a filha guarda no coração.
- Minha filha, estou orgulhosa. Não veio ouro, mas veio a prata. Tenho muito orgulho de você, minha filha - reforçou Dona Tereza, seguida por efusivos aplausos dos conterrâneos que acompanharam a partida.
Onde nasceu a Rainha do Futebol, a parte da cidade de 9.805 pessoas (de acordo com Censo de 2022, do IBGE) que assistiu ao jogo longo se recompôs com o revés. Cumprimentos, sorrisos, aplausos. Não houve espaço para a tristeza.
- A Seleção está de parabéns, todas as meninas estão. Uma prata também é uma conquista muito grande - exaltou José Vieira, irmão de Marta.
"A gente nunca pensou que ela fosse chegar onde chegou. Tanta crítica quando ela era 'piveta', tanta luta, mas Deus abençoou. Nós vencemos", complementou Dona Tereza.
Atleta do Orlando Pride, dos Estados Unidos, Marta venceu o prêmio de melhor jogadora da Fifa em seis oportunidades: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018. Trata-se, por exemplo, do dobro de vezes da segunda colocada na consagração, a alemã Birgit Prinz.
Pela terceira vez na carreira, Marta ajudou a colocar a seleção brasileira a conquistar uma medalha de prata. Após o segundo lugar no pódio em Atenas (2004) e Pequim (2008), o Brasil voltou a perder a decisão pelo ouro para o mesmo algoz: os Estados Unidos.
- Faz parte. Estamos crescendo devagarzinho no futebol feminino. O que Marta fez já abriu muitos caminhos e vai abrir muito mais. Por isso, a gente valoriza mais essa prata - disse Clarice Carneiro, conterrânea da camisa 10 do Brasil.
As bênçãos da mãe de Marta
Agarrada a um lenço cor-de-rosa nas mãos, Dona Tereza enxugou lágrimas que vieram ainda antes da partida começar. Temia pela saúde da filha, explicou. Ao ver as companheiras de Marta na tela, abençoou uma a uma quase que silenciosamente.
- Que Deus abençoe essa goleira, Senhor! Que ela pegue todas as bolas - direcionou à Lorena, sem parar: - Que Deus dê forças, menina - disse ao ver Ludmila na tela.
Acompanhada do filho José Vieira e dos netos, Dona Tereza, aos 77 anos, começou a assistir ao jogo na casa da família. No intervalo, seguiu para encontrar o restante dos amigos da família no centro da cidade. Esteve na maior parte do jogo em silêncio, apreensiva.
Mãe de Marta vê missão cumprida da filha e celebra prata em Dois Riachos: "Ela abriu caminhos"
Em vez de tristeza, celebração e aplausos. Na cidade natal de Marta, no Sertão de Alagoas, familiares, amigos e conterrâneos celebraram o legado da maior jogadora de futebol da história
Quando Marta foi chamada, aos 15 minutos do segundo tempo, para entrar na última final olímpica da carreira, Dona Tereza sorriu timidamente. Ensaiou aplausos e murmurou baixinho: "Que Deus te abençoe, minha filha". Para a mãe da maior jogadora de futebol de todos os tempos, independentemente do resultado do jogo, a maior conquista da filha já estava há muito sacramentada.
"Seis vezes melhor do mundo. Quantas meninas ela já puxou para o futebol? Minha filha abriu caminhos. Não tinha esse negócio de menina jogando bola. Aqui era só ela, era muita crítica. Eu tenho muito orgulho dessa medalha de prata, minha filha", afirmou Dona Tereza.
Quando deu essa declaração, ainda diante de um telão, em Dois Riachos, Sertão de Alagoas, cidade a aproximadamente 200 quilômetros da capital Maceió, a mãe da maior jogadora de futebol de todos os tempos trocara o semblante tenso em definitivo pelo sorriso.
A recém-sacramentada derrota para os Estados Unidos, por 1 a 0, para ela, em nada mudou o lugar do pódio que a filha guarda no coração.
Mãe de Marta manda mensagem para a filha após prata: "Muito orgulhosa"
- Minha filha, estou orgulhosa. Não veio ouro, mas veio a prata. Tenho muito orgulho de você, minha filha - reforçou Dona Tereza, seguida por efusivos aplausos dos conterrâneos que acompanharam a partida.
Onde nasceu a Rainha do Futebol, a parte da cidade de 9.805 pessoas (de acordo com Censo de 2022, do IBGE) que assistiu ao jogo longo se recompôs com o revés. Cumprimentos, sorrisos, aplausos. Não houve espaço para a tristeza.
- A Seleção está de parabéns, todas as meninas estão. Uma prata também é uma conquista muito grande - exaltou José Vieira, irmão de Marta.
"A gente nunca pensou que ela fosse chegar onde chegou. Tanta crítica quando ela era 'piveta', tanta luta, mas Deus abençoou. Nós vencemos", complementou Dona Tereza.
Atleta do Orlando Pride, dos Estados Unidos, Marta venceu o prêmio de melhor jogadora da Fifa em seis oportunidades: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018. Trata-se, por exemplo, do dobro de vezes da segunda colocada na consagração, a alemã Birgit Prinz.
Pela terceira vez na carreira, Marta ajudou a colocar a seleção brasileira a conquistar uma medalha de prata. Após o segundo lugar no pódio em Atenas (2004) e Pequim (2008), o Brasil voltou a perder a decisão pelo ouro para o mesmo algoz: os Estados Unidos.
- Faz parte. Estamos crescendo devagarzinho no futebol feminino. O que Marta fez já abriu muitos caminhos e vai abrir muito mais. Por isso, a gente valoriza mais essa prata - disse Clarice Carneiro, conterrânea da camisa 10 do Brasil.
- Todas as meninas merecem o melhor. Todas elas querem muito bem à minha filha. Sou muito grato a todas por tudo - agradeceu Dona Tereza, antes de recordar mais uma vez o passado desbravador de Marta.
"Marta ia no meio dos primos jogar bola nesses municípios todos por aqui. Eles iam em cima do carro, só ela de menina. Eu ficava nervosa, mas os primos iam junto. E ela ia saber para quê? Para pegar as bolas por trás das traves porque não deixavam ela jogar que era pequena", conta.
O último baile?
Marta tem atualmente 38 anos. Quando a Copa do Mundo acontecer no Brasil, em 2027, terá 41. O que não quer dizer que a atacante já tenha descartado a participação no torneio.
- É uma dúvida, não tenho certeza. Mas ela já deu sinais de que vai, por ser no Brasil. Talvez, ela queira ir até a Copa para se aposentar depois. Acho que vai ser assim - afirmou José Vieira, irmão de Marta.
Marta, uma inspiração
Enquanto Marta aguardava para entrar em campo, Francisco Belarmino Rodolfo da Silva, 7 anos, sobrinho e afilhado de Marta, jogava bola, bem na praça central de Dois Riachos, com o primo José Silva, 11, e outros amiguinhos da mesma faixa etária.
Numa breve conversa com o ge, os quatro não titubearam ao afirmar o maior fã que eles têm no futebol: Marta. Mas por quê?
- Porque ela é a melhor do mundo - respondeu o pequeno Gustavo Feitosa de Oliveira.
- O que a gente mais gosta é vê-la jogando em campo, conquistando troféus e fazendo gols - acrescentou Francisco.
Rosilda Ferreira da Silva, prima, disse que Marta pediu para criar Francisco, mas ela não deixou.
- Ela é louca por ele, quando chega aqui é um amor danado os dois - contou Rosilda.
O amor pelo futebol com o pequeno primo, os sobrinhos, familiares e amigos é nutrido a cada chamada de vídeo e a cada visita que Marta faz pelo menos uma vez por ano a cidade onde nasceu.
Raízes as quais Marta nunca perdeu os laços. Tal qual jamais perderá a majestade porque o conjunto da obra, da revolução causada pela alagoana, jamais deixará de ser por si um autêntico ouro.
A carreira de Marta:
Seis prêmios de melhor jogadora do mundo ( 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018);
Maior artilheira da história das Copas do Mundo (17 gols);
Maior artilheira da história da seleção brasileira (117 gols);
Três medalhas de prata nas Olimpíadas (2004, 2008 e 2024)
Duas medalhas de Ouro nos Jogos Pan-Americanos (2003 e 2007)
Seis Copas do Mundo disputadas (2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023)
Seis Olimpíadas disputadas (2004, 2008, 2012, 2016, 2021 e 2024)
2 títulos continentais (Libertadores 2009 e Liga dos Campeões 2003/04)
7 títulos de ligas nacionais (5 na Suécia e 2 nos Estados Unidos)
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