Após duas temporadas na França atuando pelo Paris Saint-Germain e enfrentando problemas dentro e fora do campo que o impediram de atuar no seu grande nível de outrora, Neymar se cansou. Seu “basta” veio por meio do pedido e do esforço contínuo de saída do clube, após o mesmo ter gastado a maior quantia da história do futebol (222 milhões de euros, o que computa mais de 1 bilhão de reais) em sua contratação a partir do Barcelona.
O mais estranho na história, pelo menos para os fãs do PSG, era que o destino de Neymar seria justamente o Barcelona, clube com o qual ele já havia queimado todas as pontes após uma saída que deixou gosto amargo na boca dos diretores catalães, que se achavam seguros dos perigos do mercado de transferências com uma multa rescisória altíssima. Isso até o PSG e seu dono, a família real que também comanda o Catar, prová-los o contrário.
A resistência do seu clube, em conjunto com o fim da janela de transferências, fez com que Neymar tivesse que ficar em Paris. Os protestos da torcida foram vigorosos e não perdoaram nem mesmo os familiares do jogador, que nada tinham a ver com o drama. Parecia até que não havia maneira de reconquistá-los após o astro brasileiro ter tensionado tanto sua relação com o clube, a cidade e seus habitantes.
Porém, ele provaria que todos nós estávamos errados. Com o PSG sofrendo para atuar em bom nível sob o comando do técnico Thomas Tuchel, Neymar é quem tem salvado o time com gols e assistências em momentos-chave das partidas deste início de temporada na França. Inclusive em sua primeira partida do ano, contra o Strasbourg, o brasileiro foi quem marcou o golaço da vitória por 1 a 0 já nos acréscimos do segundo tempo.
Com isso Neymar vem justificando seu retorno às graças dos fãs do PSG. As apostas esportivas online da Betfair, além da própria mídia especializada, apontam o time francês como um dos favoritos ao título da próxima Liga dos Campeões. E, para que essas chances se confirmem, os parisienses precisarão que o seu astro esteja saudável para enfrentar seus rivais continentais.
Já na Seleção Brasileira, Neymar encontra um cenário bem semelhante. O jogador acabou não participando da Copa América realizada na metade deste ano por conta de uma nova lesão, após já ter enfrentado problemas físicos que o retiraram dos gramados na segunda metade da temporada passada. Apesar de sua ausência, o time brasileiro liderado por Tite conseguiu levantar o troféu, ainda que isso tenha ocorrido em grande parte por conta da fraqueza de seus adversários.
Para muitos, o fato de o Brasil ter conseguido ganhar um título sem precisar do seu grande astro era a prova necessária de que a “Neymardependência”, em que o jogador é o ponto central da seleção, não se fazia mais necessária. Mas tanto Tite quanto Neymar pensam diferente.
De acordo com Neymar, seu privilégio vem do fato de sempre ter sido um dos principais nomes do time e de ter carregado “praticamente tudo nas costas” desde a sua primeira partida, em 2010. E, de muitas formas, ele está correto, afinal, ele foi em muitos momentos durante todos esses anos o único ponto de brilho de um time que se mostrava muitas das vezes “fosco” em suas atuações no campo.
Tudo isso, entretanto, não significa que esses privilégios devam ser mantidos sem que sejam justificados de maneira constante. Foi o que Neymar conseguiu fazer em pouco tempo no PSG e pela seleção. O jogador, no entanto, já não consegue trazer o mesmo impacto. Quem mais sofre com isso é justamente Tite, que é um dos seus maiores defensores em face às críticas da imprensa.
O talento de Neymar para o futebol é claro desde que o ele surgiu no Santos como profissional, em 2009. Para alguns já era claro que seu destino era se tornar uma das grandes estrelas do futebol atual, consequentemente liderando os esforços do Brasil em retomar sua posição de força a ser reconhecida no nível mundial.
Só que até aqui, Neymar tem alternado sua carreira entre altos e baixos. Os títulos a nível de clube são acumulados ano após ano, mas sua liderança continua sendo quase estritamente técnica, o que pode bastar para o PSG, mas não para a seleção.
Por isso, enquanto ele está certo em clamar por seu privilégio, seria de bom grado se ele fizesse o que fez no PSG para reconquistá-lo. Boas atuações no clube já são o bastante para justificar sua presença nas listas de convocação de Tite ou de algum outro técnico que por ventura venha a substituí-lo. É preciso, no entanto, ir além disso para que Neymar comece a reconquistar os corações brasileiros.
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