O retrospecto pesava contra, mas a missão não era irreal. Para avançar de forma direta na Copa do Brasil, o Fluminense precisaria vencer o Juventude por dois gols de diferença. O placar de 1 a 0, que tem marcado a sequência de triunfos no Brasileirão, seria suficiente para levar a decisão da vaga na quartas de final aos pênaltis. O que se viu no Maracanã, entretanto, foram dois gols sofridos com falhas e uma reação tardia, que não conseguiu salvar o clube carioca de uma eliminação merecida.
Depois de poupar algumas peças na ida, Mano mandou a campo o que tem sido seu time titular, com a dupla de zaga composta pelos Thiagos Silva e Santos e um trio de ataque com Serna, Arias e Kauã Elias. De todos os prejuízos possíveis no jogo de ida, a derrota por um gol de diferença foi o menor deles, como bem apontou Mano Menezes em entrevista coletiva.
O problema é que a montanha que o Fluminense precisava escalar ganhou alguns metros logo aos cinco minutos de jogo. Em cobrança de escanteio de Alan Ruschel, Lucas Barbosa subiu entre Samuel Xavier e Thiago Silva para cabecear e abrir o placar para o Juventude no Maracanã.
É claro que um gol tão cedo condiciona o andamento da partida. Com uma vantagem ainda mais confortável, o Juventude pôde se dar o luxo de se fechar mais atrás e esperar. O Fluminense tentou, tentou e tentou, mas não conseguiu furar o bloqueio gaúcho. Houve ainda uma insistência injustificável em bolas aéreas ofensivas, que também não deram certo. O Tricolor saiu vaiado ao fim do primeiro tempo.
Para os 45 minutos finais, Mano promoveu as entradas de Keno e Lima nas vagas de Serna e Martinelli, este amplamente criticado pela torcida no Maracanã. O colombiano acabou pecando muito nos momentos derradeiros das jogadas, mas não fez um jogo ruim.
As modificações deram certo. Se no primeiro tempo a melhor chance havia sido em finalização de Kauã Elias, na etapa final o Fluminense conseguiu construir mais e ameaçar o gol de Gabriel. Com menos de dez minutos, o goleiro do Juventude já havia feito ao menos duas defesas significativas.
Mano Menezes então optou por sacar Diogo Barbosa, um dos piores em campo, dando espaço a Marcelo. A intenção foi boa: com Keno mais aberto, a ideia era ter Marcelo auxiliando na armação, repetindo sucessos recentes do jogador pelo meio. Na prática, a substituição não surtiu efeito, visto que o camisa 12 sentiu um incômodo depois do primeiro lance em que arriscou, com uma bomba de fora da área, e precisou ser substituído por Esquerdinha.
Quando o Fluminense diminuiu o ritmo, Mano tentou partir para o tudo ou nada em termos ofensivos. Sacou Samuel Xavier para a entrada de John Kennedy, mas o camisa 9 pouco acrescentou. Na verdade, só demonstrou mais uma vez o porquê de ter perdido espaço para Kauã Elias na briga pela reserva de Cano.
A montanha já citada anteriormente ficou ainda maior quando Thiago Santos falhou e deixou Diego Gonçalves roubar a bola na lateral. Foram poucos segundos até o jogador do Juventude entrar na área e passar para Marcelinho, que ficou cara a cara com Fábio e fez 2 a 0 para os gaúchos. Um gol entregue de graça pelo Fluminense.
O relógio já marcava 40 minutos do segundo tempo. Para seguir vivo na Copa do Brasil, o Tricolor precisaria de uma reação rápida, e talvez histórica. Em um cenário de pressão absoluta do Fluminense, Kauã Elias descontou quatro minutos depois, e Keno pareceu recolocar o clube carioca no jogo com o gol de empate aos 47. Mas faltou tempo para buscar novas alternativas, e o empate por 2 a 2 sacramentou a eliminação dos donos da casa.
O segundo gol do Juventude joga um balde de água fria nas pretensões do Fluminense devido ao momento da partida, claro. Mas parece mais justo reforçar que a eliminação foi determinada pelos cinco gols sofridos entre ida e volta, e não apenas um. Os muitos erros em tomadas de decisão no Maracanã também deixaram o desafio um pouco mais difícil.
Mano e seus comandados terão menos de uma semana para assimilar as lições da eliminação, corrigir as falhas defensivas e deixar para trás os problemas de concentração antes do início de outro duelo eliminatório - desta vez contra o Grêmio, pelas oitavas de final da Conmebol Libertadores.
Antes disso, o Fluminense volta a campo no sábado, às 21h30, para encarar o Vasco em clássico pela 22ª rodada do Brasileirão. A partida será no estádio Nilton Santos.
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