E o sofrimento do menino de 5 anos, natural de Pão de Açúcar, vítima de extrema violência por parte do padrasto, não terminou quando um fazendeiro o resgatou de uma sessão de tortura na noite da quarta-feira (21) e levou para um hospital.
O garoto, morador do Sítio Mata da Onça, escapou da morte enquanto era socorrido de ambulância, do hospital de Santana do Ipanema para a Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca. A informação foi confirmada por funcionários do hospital Clodolfo Rodrigues de Melo e reafirmadas por servidores da Unidade de Emergência do Agreste.
Durante a madrugada desta quinta-feira (22), em um trecho da AL-220, no povoado Bacurau, em Jaramataia, a Unidade de Suposte Básico (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pertencente à frota do governo do estado, teve uma pane elétrica e entrou em chamas.
O menino, que estava deitado na maca da ambulância, foi retirado junto com a mãe pelos socorristas antes que o fogo consumisse todo o veículo. Uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) foi ao local, mas, quando chegaram, a ambulância já estava destruída.
Assustado, o menino foi finalmente levado por outra UBS do Samu para Arapiraca, onde, após ser submetido a exames, permanece internado.
O caso
A criança chegou ao hospital municipal de Pão de Açúcar com as costelas quebradas, as nádegas queimadas, o órgão genital machucado e os olhos inchados. Para o médico de plantão, um profissional com 42 anos de formação, a mãe do menino disse que o filho estava andando a cavalo, caiu e levou um coice, e o animal assustado ainda teria pisado a criança.
Mas, a versão não ganhou crédito. Suspeitando que algo de mais grave estava sendo omitido, o médico voltou a conversar com a mãe, que resolveu denunciar o atual companheiro, Antônio Carlos do Nascimento, 27, com quem convive há seis meses, como sendo autor das agressões.
Mesmo temerosa e já na presença da assistente social da unidade hospitalar, Tânia Couto, a dona de casa revelou que por conta de ciúmes da criança, o companheiro mantinha o menino em cárcere privado e todos os dias o agredia fisicamente.
Com exclusividade, Tânia Couto falou ao Correio Notícia e revelou que toda a equipe que estava de plantão no hospital ficou revoltada diante da situação.
“O médico, eu e os outros colegas ficamos com lágrimas nos olhos. Foi monstruoso o que ele fez com o enteado. O menino estava praticamente desfalecido e, se não fosse o proprietário da fazenda, essa criança certamente teria morrido”, desabafou a assistente social.
Tânia, em comum acordo com o médico plantonista, alertou a Polícia Militar (PM/AL), que foi até a casa onde mãe e filho moram e lá encontrou o suspeito dormindo, junto com uma enteada de 9 anos. Antônio Carlos foi preso e não esboçou reação.
Com a chegada de equipes do Conselho Tutelar, foi descoberto que a menina também era espancada até desmaiar pelo padrasto, que está desempregado. A menina deverá ficar sob os cuidados dos avós, no município de Atalaia.
Embora a mãe tenha negado, existe suspeita de que o menino, além das agressões físicas, também tenha sido violentado sexualmente, fato que somente será confirmado após o resultado de todos os exames.
Abaixo a nota da Secretaria da Saúde do Estado sobre o incêndio da ambulância
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que, na madrugada desta quinta-feira (22), durante a transferência da vítima J.S., de cinco anos, do Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, em Santana do Ipanema, para o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, a Unidade de Suporte Básico (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas que transportava a criança apresentou um problema mecânico seguido de incêndio, no município de Jaramataia.
A Sesau esclarece, ainda, que a criança foi retirada imediatamente com segurança de dentro da viatura pelos socorristas do Samu Alagoas sem nenhum dano físico e em seguida transportada até o Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, para a assistência médica necessária.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e encaminhado ao local para conter as chamas.
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