120 horas. Este foi o total de horas que a polícia alagoana passou para esclarecer um falso sequestro de uma recém-nascida de 15 dias de vida. E no final, a trágica confirmação.
Tudo teve início na metada da manhã da última sexta-feira (11), quando a dona de casa Eduarda Silva de Oliveira, de 22 anos, procurou os vizinhos, em um dos povoados de Novo Lino, na Zona da Mata de Alagoas, as margens da BR-101, em Alagoas, para denunciar o susposto sequestro da filha, Ana Beatriz Silva de Oliveira. A versão da mãe, naquela manhã, assustou a população.
Segundo a mãe, três homens e uma mulher, todos armados, em um veículo de cor escura, pararam em frente a um ponto de parada de vans, desceram armados e tomaram de seus braços a pequena Ana Beatriz.
A mobilização foi geral. A primeira autoridade a se expor e pedir uma "caça' aos sequestradores, foi a prefeita de Novo Lino, Marcela Gomes de Barros (MDB).
Guarnições da Polícia Militar, Guarda Municipal se juntaram as equipes das policias Rodoviária Federal (PRF), Policia Civil (PC) e do Ministério Público com o proposito de localizar e resgatar a criança.
O pai da menina, que estava trabalhando na colheita de café em um Estado do Sul do país teve o retorno para casa adiantado diante da gravidade do caso.
Mas algo não fazia sentido. E a polícia já presentia.
A mobilização estrapolou as divisas de Alagoas e logo a imprensa nacional deu prioridade ao fato.
No final da tarde da segunda-feira (14), o secretário de Segurança Publica, delegado Flávio Saraiva, ao lado de delegados que investigavam o desaparecimento da criança, convocou a imprensa e surpreendeu ao afirmar que a versão inicial de sequestro não era verdade e que a mãe da pequena Ana Beatriz já havia contato cinco versões diferentes sobre o sumiço da filha e que a última versão foi que dois homens com máscaras teriam invadido a humilde casa da família, estuprado ela e levado a menina.
Mas a nova versão também não se sustentou e na manhã desta terça-feira (15), após guarnições do Corpo de Bombeiros Militar, com ajuda de caes farejadores, percorrerem diversos locais a procura de pistas de onde poderia estar a pequena criança, a mãe confessou para familiares que o corpo da filha estava em um armário, dentro de uma sacola plástica em um armário, em meio a produtos de limpeza, no quintal da residência.
A revelação estarreceu os parentes, que ainda mantinham a esperança de encontrar Ana Beatriz viva.
Com a chegada dos policiais na casa, Eduarda Oliveira desmaiou e após ser levada pelos Bombeiros para o hospital da cidade, onde parte da população - revoltada - tentava invadir o local, que foi cercado por guarnições da PM, a mulher foi encaminhada para o Centro Integrado da Segurança Pública (Cisp) de Novo Lino, onde prestou um novo depoimento, afirmando à polícia que matou a filha asfixiada com um travesseiro porque a menina não parava de chorar por não dormir a dois dias.
Segundo o delegado Igor Diego, uma das autoridades que investigava o caso, primeiro a mãe disse que estava amamentando a criança quando a mesma engasgou. Ela teria tentado reanimá-la, mas sem sucesso.
Se contradizando nas respostas, a mulher resolveu assumir o crime, detalhando como tudo aconteceu.
"Depois, ela mudou a versão e confessou que a criança já fazia duas noites que não dormia, estava chorando bastante porque estava com a barriga inchada. Ela também reclamou de um som no bar. Com o barulho do bar e a criança que não parava de chorar, ela teria pegado o travesseiro e matado a criança asfixiada", disse o delegado Igor Diego.
Diante do desfeixo, a mãe da criança, cujo o corpo foi encaminhadio para o Instituto Médico Legal (IML) de Maceió, foi presa no final do depoimento. Por medida de segurança ela foi encaminhada para Maceió, até decisão da Justiça.
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