A Polícia Federal (PF) deverá assumir as investigações dos assassinatos dos ex-vereadores de Batalha, Adelmo Rodrigues de Melo, (PSD), 61, o “Neguinho Boiadeiro”, e Tony Carlos Silva de Medeiros, 34, o “Tony Pretinho”.
Após se passarem quatro anos sem que a Polícia Civil de Alagoas conclua os inquéritos, o procurador da República João Paulo Lordelo expediu um ofício ao procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, solicitando informações e o porquê do nunca esclarecimento dos casos. O MPF aguarda a resposta para solicitar o pedido de federalização do caso, quando, se aceito, a PF assumir as investigações.
No pedido para que a Polícia Federal assuma as investigações, formalizado no último dia 21 de julho, familiares de “Neguinho Boiadeiro”, executado na tarde de na tarde de 9 de novembro de 2017 próximo à sede da Câmara Municipal de Batalha e de “Tony Pretinho” morto na noite de 15 de dezembro daquele ano citam “a incapacidade das autoridades locais em esclarecer a autoria do mencionado fato criminoso”.
O pedido de federalização, conforme documento do MPF, foi assinado por Maria da Conceição Cavalcanti de Melo, Mércia Cavalcanti Targino, Maria Rita de Cassia Rodrigues Melo e Mabylla Loriato Ferreira.
Segundo elas, os homicídios ocorreram porque as vítimas descobriram irregularidades envolvendo desvio de verbas municipais pela Assembleia Legislativa de Alagoas, envolvendo supostos servidores fantasmas.
A família de “Tony Pretinho” cita no documento que a perícia do homicídio teria sido manipulada para descredenciar sua denúncia de que haviam desvios de verbas da Assembleia Legislativa. Mas a denúncia, em 2018, chegou a Polícia Federal através de José Márcio Cavalcante, o “Baixinho Boiadeiro”, filho de “Neguinho Boiadeiro”.
Sabedor das investigações que o pai fazia, ele entregou uma relação contendo 17 nomes de pessoas, que supostamente, participavam do esquema no Legislativo Estadual.
As investigações da PF foram anunciadas pelo delegado Daniel Granjeiro, que chegou a ouvir alguns dos acusados.
Assassinato de "Neguinho Boiadeiro"
O assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo teria sido praticado por dois homens que se disfarçaram de entregadores de panfletos.
Na manhã do crime "Neguinho Boiadeiro" havia acabado de sair de uma sessão na Câmara e estava dirigindo seu carro, acompanhado do policial civil Joaquim Lins Piraua Neto, quando os pistoleiros cercaram o veículo e começaram a atirar. O político, atingido por vários disparos, morreu na hora e o policial ficou ferido.
As investigações da Polícia Civil indicaram na época que a morte do vereador teve as participações do vereador Sandro Pinto (PMN), de seu sobrinho Rafael Pinto Firmino, Maikel dos Santos, além de dois homens conhecidos pelos prenomes de Cleber e Kelmany. Porém, quando o policial civil Joaquim Piraua foi ouvido em uma audiência no fórum de Batalha, ele negou ter visto algum dos citados no dia do crime, colocando sob suspeita as afirmações da polícia.
Na época o vereador Sandro Pinto, em uma entrevista coletiva, disse que foi usado pela polícia que tinha pressa em concluir o inquérito e precisava de um “bode expiatório”.
Assassinato de ”Tony Pretinho”
Tony Carlos foi emboscado na frente da casa onde morava, no Centro de Batalha, no momento que estava encostado em um carro. Testemunhas confirmaram que os matadores passaram pela frente da residência em um carro e pelo menos dois homens deflagram os tiros.
As investigações foram conduzidas pelos delegados João Marcelo, Fábio Costa e Eduardo Mero que em fevereiro de 2018, durante uma coletiva, anunciaram que a morte do político havia sido esclarecida, após uma operação policial que teria cumprido 12 mandados de busca e dois de prisão em Arapiraca, Craíbas, Jaramataia e Batalha.
Segundo os delegados, Thiago Mariano Tenório e José Anselmo Cavalcante Melo, o “Pretinho Boiadeiro”, teriam sido os autores do crime, destacou na época o delegado Eduardo Mero.
Já o delegado Fábio Costa disse que provas técnicas apontavam que “Preto Boiadeiro” havia usado a mesma arma que matou “Tony Pretinho” foi a que deflagrou os tiros contra José Emilio Dantas, sobrinho do então deputado estadual Luiz Dantas, pai do atual deputado Paulo Dantas. José Emilio foi baleado em casa, em Batalha, após o assassinato de “Neguinho Boiadeiro”, cujo o filho, acreditando que a ordem para parar o pai teria partido de José Emilio foi até sua casa e tentou mata-lo.
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