Uma equipe do Centro Integrado de Segurança Pública de Mata Grande (CISP) está desde a última quarta-feira (18) em Juazeiro, na Bahia, interrogando o presidiário José Jorge Soares da Cruz Júnior, 25, acusado de matar um suposto pistoleiro e um filho de empresário em Canapi.
Conforme o chefe de operações do CISP, Jaeudson Ferreira (Jajá), o preso nega todos os crimes atribuídos a ele, alegando que estava viajando no dia em que ocorreram. “Mas, a versão dele não bate, algumas datas não conferem com o álibi apresentado por ele”, disse o agente policial, destacando que apesar de negar os assassinatos, o acusado entregou nomes de quem possivelmente os praticou.
“Ele deu alguns detalhes que esclarecem a maioria dos assassinatos ocorridos recentemente em Canapi”, disse Jaeudson Ferreira ao Correio Notícia.
José Jorge tem um mandado de prisão cumprido pelo latrocínio (roubo seguido de morte) praticado contra Irãmar Araújo da Silva, 29, no dia 11 de dezembro de 2019, no Sítio Caititu, em Canapi. Conforme a investigação da época, o homem conduzia um caminhão boiadeiro durante a madrugada, por volta das 2h, quando foi rendido por um grupo armado.
Ainda de acordo com o que foi investigado pela polícia, o rapaz foi obrigado a descer e seguir até a traseira do veículo de carga, onde foi morto com dois tiros na cabeça. O grupo criminoso fugiu levando um aparelho de telefone celular e a carteira dele, que era filho de um empresário do ramo de madeireira do município.
Acusado de ser um dos participantes do crime, José Jorge negou participação e acusou outros dois homens. Mário César Camilo da Silva, conhecido como “Mauro do Barro Branco”, 41, e Geceni de Carvalho Peixoto (Seni), conforme José Jorge, organizaram um assalto contra Irãmar, mas o mataram porque teriam sido reconhecidos por ele.
Por outro lado, desses citados apenas “Seni” foi indiciado pelo assassinato, além de José Carlos Soares da Cruz, Josival Soares da Cruz e o próprio José Jorge. Todos tiveram as prisões decretadas pela Justiça, de modo que “Seni” e José Carlos chegaram a ser presos, mas, no dia 7 de março deste ano, tiveram as prisões revogadas pelo judiciário e foram submetidos a diversas medidas cautelares.
No dia 2 de fevereiro de 2020, quase dois meses após o assassinato de Irãmar, o irmão mais novo de José Jorge, também suspeito de participar do crime, sofreu um atentado. Ele estava junto com o pai, José Jorge Soares da Cruz, 60, quando o passageiro de uma moto chegou ao local atirando na direção dele. Durante a investida, o idoso foi atingido com um dos tiros, foi socorrido, mas morreu no hospital para onde foi levado. O filho dele, que era o alvo, conseguiu escapar.
Sobre o assassinato do pai, José Jorge contou para a polícia que os pistoleiros “Mauro do Barro Branco” e “Seni” decidiram assassinar o irmão mais novo dele e, durante a investida, acabaram matando o idoso, que não seria o alvo. O motivo pelo qual a dupla iria matar o irmão mais novo José Jorge disse não ter conhecimento, mas, para a polícia, seria queima de arquivo, visto que todos seriam pertencentes a uma organização criminosa.
Após esse crime, “Mauro do Barro Branco” foi morto a tiros no dia 3 de julho de 2020, no Sítio Olho D’água, zona rural de Canapi. José Jorge também foi acusado pela polícia por essa morte, de maneira que teria se vingado pela morte do pai. No dia 22 de julho de 2021 a Justiça determinou a prisão dele por homicídio qualificado.
O acusado também negou ter cometido o assassinato. Ele acusou “Seni”, alegando que ele matou “Mauro do Barro Branco” porque descobriu que o comparsa era informante da polícia.
A Polícia Civil (PC/AL) suspeita ainda de que José Jorge tenha participação em pelo menos outros dois homicídios, ocorridos em Mata Grande. Um deles teve como vítima o ex-vereador de Canapi Antônio Soares Brandão, mais conhecido como “Tonho Prefeitinho”, 54, morto a tiros na manhã do dia 17 de dezembro de 2019, no Sítio Riacho Verde.
Por volta das 6h30, “Tonho Prefeitinho” estava pedalando a margem da BR-316, quando foi alvejado com vários tiros, efetuados por outro homem. Ele morreu na hora depois de ser atingido na cabeça e no tórax. O político morava em Canapi, onde tinha uma loja de materiais de informática.
O suspeito desse crime também negou participação, dizendo que não sabe quem o praticou. Não obstante, a Polícia Civil acredita que José Jorge está mentindo sobre a participação dele nos referidos crimes. “Ele está se defendendo, mas os indícios contra ele são fortes”, finalizou o chefe de operações Jaeudson Ferreira.
José Jorge Júnior é primo de José Luciano Rodrigues Gomes, conhecido como “Neném Limão”, 39, apontado como traficante e assaltante de bancos, encontrado morto no dia 30 de setembro de 2015, em uma fazenda, no Sítio Castanho, em Canapi. Conforme investigação policial da época, ele foi assassinado por comparsas durante a divisão de dinheiro roubado de uma agência bancária de Jeremoabo, na Bahia.
A equipe policial encaminhada a Juazeiro pelo delegado Daniel Mayer, responsável pela 30ª Delegacia de Polícia de Canapi (DP), com apoio do delegado regional Rodrigo Rocha Cavancalti, titular da 1ª Delegacia Regional de Polícia de Delmiro Gouveia (DRP), também tentar localizar o único foragido pelo assassinato de Irãmar. Josival Soares da Cruz é irmão de José Jorge, que será recambiado para o sistema prisional de Alagoas, onde deve aguardar julgamento pelos crimes imputados a ele.
Prisão na Bahia
Foragido da justiça alagoana, José Jorge foi preso na noite do dia 10 deste mês por uma guarnição da Polícia Militar (PM/BA), depois de ser encontrado com uma quantidade de cocaína, em Juazeiro - BA. Ele foi levado para a 1ª Delegacia Territorial, situada na cidade baiana, onde foi levantado que havia em desfavor dele dois mandados de prisão preventiva, expedidos pela Comarca de Mata Grande, em Alagoas.
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