O delegado Paulo Cerqueira entregou o cargo de diretor-geral da Polícia Civil de Alagoas nesta sexta-feira (9).
Cerqueira foi indiciado pela Polícia Federal (PF) como mandante do assassinato do juiz Marcelo Tadeu, em julho de 2009, em Maceió.
As investigações concluíram que o agora ex-diretor-geral da PC mandou o pistoleiro Antônio Wendell Guarnieri assassinar o magistrado, que fazia compras em uma farmácia. Porém, o plano deu errado. O criminoso teria se confundido e atirado no advogado mineiro Nudson Harley Mares de Freitas, que estava num telefone público ligando para a esposa em Minas Gerais (MG).
Ainda nos autos constam que Paulo Cerqueira tentou desvirtuar o foco das investigações, evitando qualquer linha que colocasse Wendel Guarnieri como executor e Marcelo Tadeu como pretensa vítima. O delegado tentou encerrar o inquérito precocemente, o que só não ocorreu por intervenção do juiz Marcelo Tadeu.
Durante uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, Marcelo Tadeu, que hoje está aposentado, disse que, na época do crime, chegou a procurar o governador Teotonio Vilela para falar sobre o caso. Porém, não teve resposta. Foi aí que ele buscou o delegado Paulo Cerqueira.
“Eu questionei a arma ser da polícia e disse que acreditava ser uma crime de execução”, relembrou. Mas o delegado não o ouviu e não quis saber da linha de investigação voltada para execução.
“Ele jogou como se fosse um crime passional, mas não achei que isso tivesse relação”, comentou o agora juiz aposentado.
Somente um ano e meio depois que o juiz foi ouvido pela polícia. “Eu não entendia a postura do delegado que estava se negando a ouvir um magistrado que estava na cena do crime”, salientou.
Ao deixar o cargo o delegado, através de uma nota, informou à imprensa que a PF se confundiu. Confira a nota abaixo, na íntegra.
Nota Paulo Cerqueira
Tomei a iniciativa de entregar o honroso cargo de Delegado-Geral, pelo amor que dispenso à minha Instituição e para não permitir ataques infundados aos relevantes serviços prestados diariamente pela Polícia Civil à sociedade alagoana.
Com a consciência tranquila e uma história de vida pautada na honestidade e no trabalho, recebi a notícia do indiciamento com a certeza de ser uma grande injustiça, pois sempre pautei minha atuação com respeito ao cidadão e à Lei.
Após 18 anos de carreira policial, tendo exercido diversas funções na segurança pública e enfrentado o crime em todas as suas vertentes, sem nunca ter sido sequer citado em boletim de ocorrência, fui tristemente surpreendido com o envolvimento do meu nome em fatos desconexos com a realidade.
Nesta oportunidade, agradeço a confiança e o apoio recebido dos integrantes da Polícia Civil durante minha jornada na Direção-Geral, na qual tive oportunidade de estar à frente nas gestões de vários secretários de segurança e dois governadores de estado, de perfis distintos e partidos diversos, sem apadrinhamento político, demonstrando meu perfil técnico para o exercício da função.
Rechaço, em nome da verdade, qualquer envolvimento em trama criminosa, muito menos em desfavor de uma pretensa vítima, com a qual sempre mantive relação cordial e respeitosa, e que a mim sempre dispensou o mesmo tratamento respeitoso, não tendo no passado e no presente qualquer motivação para ataque à integridade física do então magistrado.
Comungando do mesmo pensamento de sempre, reconheço o valoroso serviço prestado pela Polícia Federal, entretanto, afirmo categoricamente que, após 11 anos do citado delito, essa honrada Instituição se equivocou em promover meu indiciamento.
Meus familiares, amigos, colegas de profissão e, especialmente, a sociedade podem ficar tranquilos, sou inocente e a história da minha vida é a minha principal testemunha.
Finalizo, com a cabeça erguida e a consciência tranquila, acreditando em Deus e na justiça dos homens, convicto que a verdade sempre prevalecerá.
PAULO CERQUEIRA
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