A prisão de Leandro Pinheiro Barros, ocorrida na quarta-feira (3) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para a polícia de Alagoas é ponto crucial para identificar uma suposta rede de suspeitos responsável por falsificar documentos e retirar assassinos do Brasil para países vizinhos.
Acusado de matar a esposa, Mônica Cristina Gomes Cavalcante Alves, 26, com um tiro no peito, na madrugada de 18 de junho do ano passado, na calçada do fórum de São José da Tapera, Leandro permanecia foragido há dez meses, após ter a prisão decretada.
Em depoimento à delegada Ana Luiza Nogueira, na madrugada do sábado (6), em Maceió, Leandro repetiu o que havia falado para policiais do Mato Grosso do Sul, para onde foi transferido após a prisão em Santa Cruz de La Sierra. Ele disse que no dia que matou a esposa estava embriagado e por isso não recorda como aconteceu.
Por outro lado, ele disse durante o depoimento que no dia do crime fugiu de carro para Olho D'água das Flores, onde abandonou o carro e seguiu pegando carona para o estado de Sergipe, de onde viajou para a Bolívia. Ainda de acordo com o acusado, no país vizinho sobrevivia vendendo e trocando aparelhos de telefone celular.
Porém, quando foi perguntado sobre quem o ajudou a chegar na Bolivia na mesma semana do feminicidio, quem o ajudou a falsificar seus documentos pessoais e quem o mantinha financeiramente, o acusado se manteve em silêncio.
Segundo o delegado Thales Araújo, da Diretoria de Inteligência Policial (Dinpol), a quadrilha também foi a responsável por "plantar" informações falsas, levando policiais de Alagoas para locais onde Leandro nunca havia estado.
O delegado, que confirmou que o inquérito sobre o feminicidio de Mônica, agora com a prisão do criminoso, está encerrado, não descarta que Leandro seja novamente interrogado a fim de esclarecer dúvidas sobre a "rede" que ajuda criminosos.
"Podemos estar diantes de uma quadrilha comprometida até com narcotráfico, tráfico de armas e pistolagem e que tenha a participação de políticos. Será uma investigação bastante minuciosa e que envolverá não somente a polícia e a Justiça de Alagoas, mas outras có-irmãs, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Essa organização existe e têm a ajuda de alagoanos e vamos identidicar um a um, e vamos prendê-los", disse o delegado.
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