Um homem acusado de estuprar duas adolescentes foi preso, na tarde desta quinta-feira (1), no município de Carneiros. José Reinaldo Inocêncio da Silva, 35, tinha em aberto um mandado de prisão preventiva, expedido pela Comarca de São José da Tapera.
A prisão foi realizada durante uma operação da Divisão de Inteligência Policial (Dinpol), da Polícia Civil de Alagoas (PC/AL).
Segundo a investigação policial da época, em 2017 duas adolescentes foram morar na casa de uma irmã maior de idade, casada com um irmão do acusado, que tinha acesso livre à residência.
Conforme uma das vítimas, no final de 2017 o aparelho de telefone celular que ela usava junto com a irmã também menor de idade danificou e o acusado se ofereceu para ajudar, alegando que tinha um amigo técnico e que ele cobraria metade do valor pelo conserto.
Ainda de acordo com a vítima, depois de alguns dias o acusado disse para ela que o amigo técnico havia decidido cobrar o valor integral do conserto e que a adolescente deveria pagar. Mas, conforme contou a menor, ela falou para ele que não pagaria.
O acusado viajou para outro estado para trabalhar e de lá passou a ligar para a vítima, dizendo que um irmão do técnico amigo dele tratava-se de um suposto chefe de facção criminosa, que estava preso, mas vinha ligando para ele cobrando o valor do conserto do celular. A adolescente relatou para a polícia que mesmo diante da ameaça disse que não pagaria.
A vítima contou também que no dia seguinte o acusado ligou outra vez para ela, dizendo que o suposto chefe de facção havia aumentado o valor que ela deveria pagar chegando a R$ 7 mil e que se ela não pagasse teria toda a família morta pelo criminoso.
Sem ter como pagar a dívida, a vítima contou que o acusado passou a ligar diariamente para ela reforçando as ameaças do suposto criminoso até que retornou de viagem e a procurou pessoalmente dizendo que o suposto chefe de facção insistia nas cobranças, ameaçando a matar junto com a família.
Percebendo que a vítima estava com medo, o acusado lançou a proposta de que se ela o namorasse ele resolveria a situação com o suposto chefe de facção. Em desespero com a possibilidade de ser morta juntamente com a família, a adolescente disse para a polícia que cedeu à chantagem do acusado, passando a ter relações sexuais com ele sob as mesmas ameaças durante cerca de cinco meses.
A adolescente disse que não conseguia fugir do acusado porque morava na residência da irmã adulta e ele estava com frequência na casa por se irmão do marido da irmã mais velha. Ela disse que ele aproveitava os momentos que não tinha ninguém por perto e continuava a reportar as ameaças do suposto bandido, sempre dizendo que ela deveria continua se relacionando sexualmente com ele para ficar protegida.
Conforme a vítima, à medida em que ela se negava a ficar com o acusado, ele reforçava as ameaças, dizendo que se ela parasse com a relação sexual o suposto chefe de facção iria cortar as barrigas das irmãs grávidas dela para retirar e matar os fetos e que depois a levaria para um local em Monteirópolis onde todos os integrantes da facção a estuprariam e depois a matariam.
Os estupros sob ameaça continuaram até o acusado voltar a viajar para trabalho fora do estado. A menor relatou que mesmo diante das graves ameaças ligou para ele e disse que não queria mais ter relações à força com ele e que queria colocar um fim na referida situação.
Depois de conversar com a irmã com quem dividia o celular, a adolescente descobriu que ele também usou a mesma história para tentar manter relações sexuais com ela, mas que conseguiu forçar apenas alguns beijos depois de meses de insistência. Como se não bastasse, ainda de acordo com a vítima, o acusado usou a mesma situação e conseguiu estuprar a própria sobrinha, filha do irmão.
Conforme as vítimas, quando voltou de viagem, o acusado parou de frequentar a casa porque teve um desentendimento com o irmão, mas sempre passava de frente, dizendo que as mataria se as encontrasse em outro local. Temendo a opinião alheia e o acusado que rondava a casa com ameaças, as jovens mantiveram a situação em segredo por um tempo.
Quando o caso foi descoberto pelas autoridades, o rapaz que consertou o telefone das vítimas foi procurado e contou que fez o conserto por R$ 150,00 e que não tem nenhum irmão chefe de facção criminosa, desmentindo toda a história contada pelo acusado, que não foi encontrado pela polícia na ocasião.
José Reinaldo ficou um tempo longe de Carneiros, mas depois retornou e levava a vida como se nada tivesse feito. Agora preso ele foi levado para o Centro Integrado de Segurança Pública de Batalha (Cisp), onde ficou recluso à disposição da Justiça.
A ação que resultou na prisão dele foi coordenada pelo delegado Thales Araújo, diretor da Dinpol.
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