É carnaval, a fantasia emblemática implantada em nossa alma toma forma e explicitamente desenha na alma o compromisso com a suavidade da vida.
Buscamos, com toda intensidade, escapar da realidade temporaneamente como diabo escapa da cruz.
Sabemos que a vida não é só realidade. Tem o seu descanso depois do seu sacrifício. Sua sutileza não é estranha dentro do tempo da verdade.
De outros carnavais, no ápice da juventude, nossas fantasias eram consistentes e brilhava em nosso cotidiano como construção de um instrumento que infiltrava a realidade.
Hoje, passamos os dias carnavalescos relendo a obra completa de Machado de Assis.
A seriedade da vida molda no quadrado de realidade fixa.
Os limites dos passos cansados busca como águias a leveza das alturas com asas das fantasias soltas.
Tudo se resume num final de contemplação, onde a vida passa com suas paisagens e nós como observadores atento abrimos os olhos para coisas da alma.
Nosso carnaval com Machado de Assis é coisa da idade. As folias da vida se fecham ,para o prenuncio da sensatez. Seriedade não quer dizer infelicidade. É uma realidade, onde levamos a sério nossas fantasias carnavalescas.
A vida já não é mais uma festa permanente. Seus encantos atuais estão na realização de acontecimentos sérios.
Agora é quarta feira de cinzas. O meu irmão, o cozinheiro da família prepara uma suculenta e deliciosa bacalhoada para o almoço.
Depois de alimentar a alma com Machado de Assis, buscamos resolver os problemas do corpo numa quarta feira de cinzas de ressacas das fantasias com um abundante almoço apetitoso.
*É advogado e escritor - Coqueiral/MG
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