As pessoas idosas não têm o direito de guardar para si a experiência que a vida proporcionou. Na opinião do filósofo inglês Alfred Whitehead, a experiência não é para guardar. É preciso que alguma coisa façamos com ela.
A aposentadoria pode não implicar encerramento de atividades, mas apenas redução de compromissos exigentes. São múltiplas as novas experiências possíveis. Que cada um encontre seu caminho. Que a sociedade não cometa o desatino de desprezar a sabedoria dos mais velhos.
Se o aposentado sentir-se feliz usufruindo da aposentadoria, simplesmente, essa atitude não merece qualquer reparo. Ele fez jus ao que se chama ócio com dignidade (otium cum dignitate).
O pedagogo tcheco Comenius ensina:
“No ócio, paramos para pensar, para correr no labirinto do autoconhecimento, para investigar nossa condição de seres humanos. Não se trata de passar o tempo, mas de penetrar no tempo, em busca do essencial. Não é tempo perdido, é tempo sagrado e consagrado.”
Usei o verbo no presente do indicativo – Comenius ensina, e não no passado – Comenius ensinou, embora se trate de um escritor morto, porque a sabedoria não morre.
Seguindo o conselho de Whitehead, tenho andado por aí a semear ideias.
Falei em congressos. Ministrei seminários e cursos de pequena duração. Os convites foram feitos por universidades, faculdades, OABs, igrejas de diversas confissões. Compareci com a palavra em todos os Estados da Federação.
O mais relevante não é o valor real das ideias apresentadas, mas sim o fato de que a semeadura foi feita com alegria, espírito reto e boa vontade.
Os temas das palestras, seminários e cursos giraram em torno das seguintes disciplinas - Ética, Hermenêutica, Direitos Humanos, Filosofia do Direito, Sociologia do Direito.
Habitualmente, as instituições que promovem os eventos fornecem certificados de participação, muito uteis nas provas de títulos dos concursos.
*É magistrado aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo, professor itinerante e escritor
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