Não me agrada viver em um país que fecha as portas de suas livrarias.
Não me agrada viver em uma sociedade onde a tecnologia é dominada pelos grandes interesses econômicos e não se consideram os melhores valores de nossa combalida civilização.
Sem livros, a ignorância vai aumentar ainda mais. Estão fechando quase todas as nossa melhores livrarias
Os recursos tecnológicos e a internet não substituirão os livros físicos, que já são pouco lidos no Brasil. É uma falácia dizer que vamos estudar em livros que aparecem em nossas “telinhas”. Isto não funciona com eficácia.
Sem livros, os seres humanos se tornam ainda mais perigosos.
Sem conhecimento, não há condições para se exercer uma liberdade concreta e verdadeira.
Sem cultura, deveremos voltar às “cavernas” e vamos nos matar.
Sem formação humanista e crítica, governos se sentem seduzidos por aventuras nazistas, por aventuras genocidas. Busca-se desconstituir a verdade histórica e desmerecer o conhecimento científico. “Prato cheio” para a ignorância e fundamentalismos religiosos.
O ser humano não mais é senhor de seu destino.
Acabaram com os “meus” CDs. e DVDs. Agora me sinto excluído de práticas que me davam prazer e satisfação. O “mercado” é autoritário e não se importa com a felicidade das pessoas.
Recuso e resisto. Nego-me a ser dirigido ou conduzido por interesses corporativos e seguir o “fluxo” das pessoas de forma acrítica. Paciência; reconheço que estou me tornando uma pessoa inadaptada a este “mundo moderno”, este mundo “líquido”, na feliz expressão do saudoso pensador Zygmunt Bauman.
Recuso e resisto. Nego-me a ser dirigido ou conduzido pelas grandes corporações; nego-me a seguir modismos tecnológicos; nego-me a seguir este “fluxo” de pessoas acríticas e que se deixam manipular pela mídia empresarial, a qual visa reproduzir este modelo de sociedade, injusta e cruel.
Por tudo isso, sinto-me inadaptado à chamada “sociedade moderna” e acho que ela era menos hostil quando a este mundo cheguei em meados do século passado. Temo pelas futuras gerações, que estão se viciando em “games eletrônicos” e não largam os seus celulares como se fossem máquinas. Que seres humanos estarão se formando neste nefasto contexto ???
Na realidade, as grandes corporações e o chamado “mercado” é que atualmente nos dirigem, determinam tudo o que nos diz respeito.
Enfim, estamos perdendo o controle de nosso processo civilizatório.
Concluo: ou um novo modelo de sociedade, dirigida por um Estado verdadeiramente democrático, assume o controle do desenvolvimento tecnológico e regula esta “corrida desenfreada” ou vamos conviver, em futuro breve, com um ser humano desumano e voltaremos à barbárie. Socorro !!!
*Artigo publicado originalmente no site Jornal GGN, em 21/01/2020
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