Com a queda de dois ministros da Saúde em menos de um mês, o governo Bolsonaro reforça a imagem internacional de que a pandemia está fora de controle no país. O presidente Jair Bolsonaro dá mais uma prova de que não existe estratégia nacional de combate ao coronavírus. A saída de Nelson Teich ontem só escancara isso.
A permanência de Bolsonaro no poder impede a organização de uma resposta efetiva à covid-19, resultando em mais mortes e mais casos do que haveria se o presidente da República não fosse o maior obstáculo à saúde pública no Brasil.
Na prática, o país está sem Ministério da Saúde. É como ir a uma guerra sem generais. O Exército fica desorganizado, sem coordenação para enfrentar batalhas.
O Brasil está perdendo a guerra do coronavírus por causa do presidente Jair Bolsonaro. Ele é o principal responsável pelo agravamento da pandemia no Brasil, jogando o país no buraco.
Todos os dias, Bolsonaro dinamita os esforços dos brasileiros, das empresas, dos governadores e dos prefeitos para enfrentar o coronavírus. É péssima a imagem do país no exterior, o que pode resultar em desconfiança em relação a brasileiros que viajam.
Mas o pior é ver o crescimento cotidiano da tragédia devido a um presidente que contraria a ciência e o bom senso por despreparo e autoritarismo.
Nem Trump é tão ruim
Nos EUA, o presidente Donald Trump teve uma semana de atritos com os cientistas que deram depoimentos no Congresso. Anthony Fauci, imulogista mais respeitado da força-tarefa da Casa Branca, falou no Senado na segunda-feira que o número de mortes é maior do que o oficial e que a reabertura prematura da economia pode ser um tiro no pé.
Richard Bright, que cuidava da área de vacinas, depôs na quina na Casa dos Representantes, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. Bright sofreu retaliação, sendo removido de sua posição no governo, por fazer alertas em janeiro sobre a falta de material hospitalar e por se posicionar contra a forma apressada com que Trump recomendava a cloroquina, medicamento que, segundo estudos, não traz benefícios no tratamento da covid-19.
Na sexta, Trump fez um anúncio de aceleração dos estudos para a produção de uma vacina. Prometeu entregar 200 milhões de doses até dezembro ou 300 milhões até janeiro de 2021. O cronograma é visto com desconfiança por cientistas, mas o discurso de Trump tem o objetivo eleitoral de vender esperança. As eleições americanas acontecerão em 3 de novembro. Trump está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas nacionais e nos Estados decisivos.
Nos EUA, porém, Congresso e imprensa impõe a Trump limites num grau maior do que acontece no Brasil em relação a Bolsonaro. No Brasil, uma combinação de fatores levou ao poder o presidente mais despreparado da nossa história no momento em que o mundo atravessa o mais grave problema de saúde pública dos últimos cem anos.
*Artigo publicado originalmente no Blog do Kennedy Alencar, em 16/05/2020
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