Na mesma semana em que o Secretário de Cultura, Roberto Alvim, caiu por protagonizar um vídeo mimetizando e plagiando Joseph Goebbels, o presidente Jair Bolsonaro disse que as pessoas de esquerda “(…) não merecem ser tratados como se fossem pessoas normais, como se quisessem o bem do Brasil, isso é mentira.”.
Todos os cidadãos são iguais perante a Lei sem qualquer distinção, sendo garantida a liberdade de consciência e de expressão, bem como a impossibilidade do Estado fazer distinções entre os brasileiros empregando critérios políticos, ideológicos, raciais, religiosos, partidários, etc.
A distinção feita por Bolsonaro entre brasileiros normais e brasileiros de esquerda (anormais, segundo ele) é inconstitucional. Ele pode ser submetido a um processo de impeachment se tentar cassar ou sabotar os direitos individuais das pessoas de esquerda.
O fracasso do governo Bolsonaro já é uma realidade. Isolado internacionalmente, o Brasil está perdendo mercados importantes que foram conquistados antes e durante os governos do PT. A predileção do mito por Israel, Arábia Saudita e Estados Unidos não resultaram em um aumento das exportações brasileiras para esses três países. Para piorar as coisas, Bolsonaro segue estrangulando o mercado interno ao insistir na extinção de programas sociais e na redução dos direitos trabalhistas e previdenciários da população.
A economia real vai mal, mas nada será feito para recuperá-la. Muito pelo contrário: Jair Bolsonaro e seu chanceler estão deliberadamente destruindo décadas de política externa com o intuito de comprometer o desempenho das exportações de alimentos. Quando as reservas internacionais feitas nos governos Lula e Dilma acabarem, o caos econômico se tornará insuportável até mesmo para os banqueiros que ainda estão comemorando lucros exorbitantes.
Nada ocorre por acaso, e o futuro da economia brasileira não é incerto. Ele está sendo cuidadosamente programado e implementado por Paulo Guedes. O caos que se avizinha não será acidental, e sim um resultado inevitável de escolhas que estão sendo feitas de maneira consciente e deliberada.
A esquerda não será culpada pela desgraça imposta à população, mas é evidente que Bolsonaro tem a intenção de culpar seus adversários pelos danos que ele mesmo provocará ao país. Só assim ele poderá realizar seu antigo desejo de implementar uma Solução Final (identificação, reunião, transporte e extermínio das pessoas que o mito julga anormais).
Ao dizer que as pessoas de esquerda “…não merecem ser tratados como se fossem pessoas normais, como se quisessem o bem do Brasil” e criar um caos econômico para poder exterminá-las, Bolsonaro dá uma indicação clara que segue perseguindo seu antigo sonho.
Aqui mesmo no GGN eu fiz uma distinção entre o totalitarismo e o neoliberalismo. As ações e discursos presidenciais me obrigaram a revisar o que eu disse. A distância entre a realidade brasileira e um totalitarismo convencional está sendo aceleradamente reduzida.
Se conseguir fortalecer sua base de sustentação nas eleições presidenciais, Bolsonaro ficará ainda mais à vontade para organizar milícias inclusive e principalmente nas áreas urbanas do país (isso já está sendo feito nas áreas rurais).
Milhões de judeus europeus foram exterminados pelo III Reich com mínima resistência das vítimas e sem qualquer oposição internacional significativa. Nós também seremos exterminados sem esboçar qualquer reação? O que devemos fazer: fugir do Brasil ou organizar a população para derrubar esse clone de Adolf Hitler que atende pelo nome Jair Bolsonaro?
*Artigo publicado originalmente no site Jornal GGN, em 18/01/2020
Utilize o formulário abaixo para comentar.