O bancário e ex-vereador por Mata Grande Gerson Klayton (PT) falou sobre a pretensão de disputar a prefeitura do município, na tarde desta terça-feira (26), durante entrevista ao programa jornalístico Tribuna Popular, na rádio Correio FM, em Delmiro Gouveia.
A conversa ao vivo foi coordenada pelo jornalista e radialista Jota Silva, apresentador do referido programa de rádio. Além de falar da pré-candidatura a prefeito, Klayton falou sobre outros assuntos, como a carreira de bancário e a situação das agências de Inhapi e Mata Grande. Ele também não poupou críticas a adversários políticos.
Confira a entrevista na íntegra:
Quando você começou a trabalhar no Banco do Brasil?
Comecei com 14 anos de idade na agência de Olho D’água das Flores, onde era menor auxiliar de serviços gerais. Fiz carreira no banco e hoje sou gerente de relacionamento da agência de Mata Grande.
Como está a situação das agências do Banco do Brasil de Mata Grande e Inhapi?
O último ataque de criminosos que explodiram a agência de Mata Grande comprometeu a estrutura de duas casas e com isso vizinhos ficaram receosos. A reconstrução está demorando por conta que a agência é governamental e tem toda uma burocracia, mas asseguro que a agência irá reabrir. O prédio é alugado e o dono já foi notificado que a estrutura será demolida para a construção de um novo prédio, seguindo um novo padrão.
Sobre Inhapi, o prefeito Zé Cícero já esteve três vezes na superintendência, em Maceió, junto com os deputados Ronaldo Lessa e Paulão. Aproveito para avisar aos inhapienses que a agência da cidade parassará a ser uma do tipo PAA, que quando unidade passa a ter caixa de atendimento. Isso deverá acontecer apenas depois da eleição.
Vários bancários de Mata Grande hoje estão na política. Como você explicar isso?
Quem trabalha em um banco tem contato diário com as pessoas. No meu caso, sempre gostei de política, não para ser candidato, apenas como espectador, mas depois mudei de ideia.
Como você de fato entrou na política?
Foi em meados de 1993, quando Fernando Lou pretendia ser candidato a prefeito. Ele me convidou junto com minha ex-esposa para que o apoiasse. Não estávamos satisfeitos com o prefeito da época, buscávamos mudança não só em Mata Grande, mas no país também, então o apoiamos e investimos na ideia. Ele foi eleito, eu fui secretário de finanças e depois me elegi vereador. Eu gostava de política desde quando residia em Olho D’água das Flores, mas nunca quis ser candidato, gostava mais dos bastidores, das articulações. Depois de um episódio ocorrido com minha ex-esposa que não pôde ser candidata por conta da questão partidária, decidi me candidatar. Tomei gosto e estou até hoje.
O que o fez deixar de apoiar Fernando Lou?
Pouco tempo depois das eleições de 2008 fui eleito vereador e ele não conseguiu se reeleger. Depois disso, foi que passei a conhecê-lo realmente. Já tinha visto algumas coisas dele, mas relevei, no entanto, após a derrota que sofreu deixou a máscara cair. Até hoje nós temos uma divergência política.
Após romper com Fernando, você entrou no grupo de Jacob. O que pensou naquele momento?
Eu dizia para meus amigos que estava trocando seis por meia dúzia, porque trabalhei e conheci o Fernando, inclusive o lado negro dele. Foi quando decidi que não o apoiaria mais. Nessa eleição anterior tentamos a candidatura de Samir Malta, mas ele desistiu, então ficaram apenas Fernando ou Jacob. Eu não tinha mais opções e como sou contra os votos brancos e nulos resolvi ficar com Jacob. Reuni meus cabos eleitorais e os deixei decidir se iriam me acompanhar ou não.
Por que depois você decidiu não ser mais candidato a vereador?
Estava certo para que eu fosse candidato, mas tinha uma proposta para ser gerente da agência do Banco do Brasil de Olivença e para isso teria que abrir mão da política. Já tinha perdido cinco chances de ser gerente, então me reuni com minha família e decidi largar a política para focar na carreira profissional, pois entendo que a política é passageira e como sobrevivo do bancário que sou não me arrependo de ter tomado tal decisão.
O que depois o fez romper com Jacob Brandão?
Eu via que no grupo de Jacob não tinha espaço político para ninguém além dele e o irmão e que com Celso Luiz era da mesma forma. Como fazia parte do grupo, eu merecia uma chance e também nunca gostei da administração de Jacob.
Quando veio a decisão de disputar a prefeitura municipal?
Estava trabalhando como diretor-geral da câmara de vereadores, quando duas pessoas me chamaram para ser candidato a prefeito. No primeiro momento recusei e falei que não tinha partido, mas eles conversaram com os representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) de Inhapi, já que o de Mata Grande estava parado e depois disso conversei com os deputados Ronaldo Medeiros e Paulão, os apoiei e até hoje estamos juntos.
Seu grupo é composto por quais partidos? E o vice, deverá vir de outro partido?
Hoje só o PT. Existem conversas, mas nada confirmado. Sobre o vice, sim, provavelmente.
Provavelmente você deverá enfrentar um colega de profissão, o Jean Gomes, além de Luiz Pedro e Mandu. Como você os ver politicamente?
Mandu, que hoje é pela segunda vez vice-prefeito, já foi vereador por três mandatos. Politicamente está apagado. Não o vi com tanta experiência na parte de gestão. Em política você tem que ter atitude, se faço parte de um grupo tenho que ser ouvido por ele e não ser apenas mais um. Todos na cidade comentam que ele é assim, falam que ele é mandado por Hélio. O que Hélio manda ele fazer ele faz. Como vai ser um prefeito dessa forma? Um garoto de recado de Hélio Brandão da atual gestão. Vamos ter uma continuação da gestão e acho que Mata Grande não merece isso, pois o povo é quem diz.
Luiz Pedro é novo o nome, mas, e o que tem por trás dele? Tem uma família que já dominou Inhapi por mais de 20 anos e nunca fez nada. Estão em Canapi e o pessoal vai colocar para fora. Se Celso Luiz, que é pai de Luiz Pedro, fosse bom o povo de Canapi não iria deixar ele fora. Será que eles não estariam juntos a ele? Uma pessoa com 22 anos irá saber administrar uma prefeitura? Se Mata Grande insistir irá cometer o mesmo erro das eleições passadas, quando elegeram Jacob com 21 anos, por conta de Hélio Brandão e de Cristina. Olhem o desastre que foi, 21 anos, “filhinho de papai” acostumado na beira da praia em Maceió, tomando uísque importado. Esse cara vai lá saber o que a população da zona rural está passando? Não sabe e nem vai saber. Esses jovens acostumados com a vida boa em Maceió não veem para o sertão.
Se não me engano Jean Gomes foi secretário de finanças ou administrador do hospital, foi vereador e hoje é bancário, não tenho muitas coisas para falar sobre ele. É uma pessoa boa.
A população tem que tomar muito cuidado com quem está aí, uma coisa é Mandu, outra coisa é Luiz Pedro. Tem que olharem quem está por trás. Luís Pedro vai ser o prefeito no papel, mas de fato e direito será que vai ser ele? Quem vai tomar as decisões será que vai ser ele? Será que ele tem experiência para tomar decisões? Mata Grande tem que ter muita atenção. Se gostam da cidade, amam ela e querem realmente mudanças, acho que essa não é a mudança
O desenvolvimento em Mata Grande parece que não está acontecendo. O que estaria faltando?
Como é que se desenvolve um município se a única renda depende exclusivamente de aposentadorias e da renda do próprio município. Se uma administração não investe, não desenvolve, não traz novidades, não investe na saúde, educação, não vai atrás de projeto e se tudo isso não acontecer fica estagnado, como a cidade está hoje.
Pelo o que você acompanhou, pela experiência, o que não poderia faltar num projeto de governo de quem for eleito prefeito de Mata Grande?
Todos os candidatos dizem que vão investir em saúde, educação e segurança. Eu terei que dizer também. Se você chegar na cidade, você irá ver que a saúde do hospital está um caos. Por exemplo, o médico plantonista passava cinco dias de plantão 24h. Não tem condições você passar cinco dias seguidos dentro de um hospital. Hoje reduziram para três dias, mas ainda assim o profissional atende à população na “ponta pé”, por conta do estresse. A população reclama bastante. Só tem posto de saúde em Santa Cruz do Deserto e no povoado Sabonete, pois os outros são casas alugadas que vai um médico uma vez perdida.
A educação também está um caos. Temos a construção de uma creche que foi iniciada e hoje está parada, servindo para pessoas fazerem sexo, necessidades fisiológicas e usarem drogas. O atual prefeito tem oito anos de mandato, vai sair, mas não irá inaugurar nenhuma obra.
Segurança. A Guarda Municipal existia na época de Gilberto Tenório, quando Fernando e Jacob estavam a frente da prefeitura, parou de existir. Uma vereadora, durante sessão na câmara, especulou a volta da guarda, mas ouvi de um secretário que era um gasto muito grande.
A população de Mata Grande e de todo o país precisa ficar atenta com quem chega comprando voto. Essa pessoa já está dizendo que não irá trabalhar.
"Klayton do Banco", como é mais conhecido, tem 46 anos de idade e é natural de Olho D’água das Flores. Há 32 anos no Banco do Brasil, já trabalhou em algumas agências bancárias da região. Além de ter sido eleito vereador nas eleições de 2008, já foi secretário de finanças por três anos e meio, durante a gestão do ex-prefeito Fernando Lou.
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