As candidaturas coletivas e compartilhadas se multiplicaram nos últimos quatro anos, mostra levantamento do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número total desse tipo de candidatura passou de 13 registros na eleição de 2016 para 257 em 2020.
Nessas candidaturas, o vereador eleito compartilha as decisões do mandato com um grupo de pessoas. Esse modelo não é previsto na lei e exige um acordo informal entre os integrantes.
Na última quinta-feira (5), o ministro do TSE Luis Felipe Salomão negou liminar para que Adevania Coelho de Alencar Carvalho, candidata ao cargo de vereadora em Ouricuri (PE), pudesse aparecer nas urnas com o nome “Coletiva Elas” ou “Adevania da Coletiva Elas”. Ele alegou que isso ia gerar confusão para o eleitor, já que a legislação atual prevê que a candidatura seja individual.
Esse foi um revés para o movimento das candidaturas coletivas. A matéria, no entanto, ainda não foi analisada pelo plenário do TSE, nem o caso específico nem a possibilidade de candidaturas desse tipo serem permitidas oficialmente.
Segundo especialistas, o crescimento dessas candidaturas nos últimos anos se deve à crise de representatividade da política brasileira, a uma estratégia dos partidos de ganhar mais votos e financiamento e ao sucesso recente de candidaturas coletivas e compartilhadas.
Para chegar aos números, o cientista político Guilherme Russo, autor do levantamento, buscou todos os candidatos que tinham no nome os termos “bancada”, “coletiva”, “coletivo”, “mandata” ou “mandato” na base de candidaturas do TSE.
Em 2020, o PSOL é o partido com maior número de candidaturas compartilhadas, 99 - quase metade delas em São Paulo. Em seguida está o PT, com 51 candidaturas.
Apesar de a maioria dos coletivos ser de partidos alinhados à esquerda, há também partidos de centro e de direita.
Segundo Russo, a maior prevalência na esquerda se deve às pautas mais identificadas com esse campo político, como as identitárias.
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