Com o quadro de candidaturas nos estados quase definido, os dois presidenciáveis que lideram as pesquisas enfrentam dificuldades com palanques nas regiões onde possuem seus menores índices de popularidade. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem aliados que, até o momento, se mostram competitivos no Sul e no Centro-Oeste. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu palanques robustos no Nordeste.
Ciro Gomes (PDT), por sua vez, só tem três candidatos competitivos (Ceará, Rio e Maranhão). Já Simone Tebet (MDB) quase não tem palanques exclusivos.
À frente nas pesquisas, Lula conseguiu apoios sólidos no Nordeste, onde impõe a sua maior vantagem sobre Bolsonaro (35 pontos), de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada. Na região,o petista tem como palanque principal três candidatos à reeleição: Paulo Dantas (MDB) em Alagoas, Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte e Carlos Brandão (PSB) no Maranhão.
Outros três candidatos de Lula representam a continuidade de projetos que estão no poder. São eles: Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, Danilo Cabral (PSB) em Pernambuco e Rafael Fonteles (PT) no Piauí. Em Pernambuco, além de Cabral, Lula também tem o apoio de Marília Arraes (Solidariedade), líder nas pesquisas. Na Paraíba, o atual governador João Azevêdo (PSB) apoia o petista, apesar de o candidato do PT ser Veneziano Vital do Rêgo (MDB). O único candidato de Bolsonaro competitivo na região é Capitão Wagner (União Brasil), mas ele tem se desvinculado do presidente.
No Centro-Oeste, a situação de Lula é completamente diferente da do Nordeste. Em três estados da região (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), o candidato de Lula ainda não foi definido. Os partidos têm até sexta-feira para aprovarem os indicados em convenções. Na região, Lula busca palanques além da esquerda, como Marconi Perillo (PSDB) em Goiás. No recorte do Datafolha que junta Norte e Centro-Oeste, Bolsonaro tem desempenho melhor do que a média nacional (cinco ponto de desvantagem para Lula contra 18 em todas as regiões).
No Sudeste, que concentra 43% do eleitorado do país e onde Lula tem 15 pontos de vantagem sobre Bolsonaro segundo o Datafolha, os dois presidenciáveis têm nomes competitivos. Mas o presidente tem problemas em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, que apresenta uma disputa polarizada entre o atual governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), aliado de Lula. O plano inicial era que o nome de Bolsonaro fosse Carlos Viana (PL), mas o presidente passou a se aproximar de Zema e a candidatura foi colocada em dúvida.
Os candidatos de Bolsonaro despontam com favoritismo no Centro-Oeste e no Sul. No Paraná, o governador Ratinho Júnior (PSD), que concorre à reeleição, lidera as pesquisas. O PT lançou o ex-governador Roberto Requião, que ainda busca apoios fora da federação que conta também com o PV e o PCdoB. Em Santa Catarina, o candidato do presidente é o senador Jorginho Melo (PL). No entanto, o governador Carlos Moisés (Republicanos) e o ex-prefeito de Florianópolis Gean Loureiro também procuram se vincular a Bolsonaro. Lá, o candidato petista é o professor e advogado Décio Lima, que em 2018 ficou em quarto lugar, com 12,78% dos votos.
Palanque duplo no Sul
No Rio Grande do Sul, o nome do bolsonarismo é o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL). O senador Luiz Carlos Heinze (PP) também disputa o eleitorado à direita, o que garante palanque duplo ao presidente. O candidato petista será o deputado estadual Edegar Pretto, que tem apoio apenas da esquerda. O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) é o favorito na disputa. A vantagem de Lula sobre Bolsonaro no Sul é de sete pontos.
Bolsonaro também apostará em outros candidatos à reeleição. São eles: Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal e de Mauro Mendes (União) no Mato Grosso.
Vice-presidente do PL, o deputado capitão Augusto (SP) minimiza as dificuldades do presidente onde ele tem menos popularidade:
— Precisa acertar detalhes no Nordeste. Mas tem casos de palanque duplo e até triplo em estados do Sul.
No MDB, parte das lideranças vê pouca competitividade em Tebet. Mas ela minimiza a falta de palanques.
— Vai ter estado que dividirei palanque com dois ou três candidatos. Se não tiver palanque, vou para a rua conversar com as pessoas.
O PDT fez um esforço para ter candidatos próprios para garantir palanques para Ciro. Em São Paulo, o partido pode retirar Elvis Cézar e apoiar o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
— Investimos em candidatos nos estados para ter capilaridade — diz Carlos Lupi, presidente do PDT.
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